Presentes no dia 1 do Famalicão Extreme Gaming, a equipa de cobertura Fraglíder trouxe do Lago Discount até vós vários tipos de conteúdo durante a fase de grupos da competição, chegando agora a altura de partilhar a primeira das entrevistas realizadas no local com João "wrm" Gomes, coach da For The Win Esports que terminou a sua prestação com 3 derrotas em outros tantos jogos. Em retroespectiva e abordando assuntos como a desqualificação da Eurogamer e as sucessivas mudanças forçadas na equipa, fomos perceber qual o estado anímico atual do conjunto bem como o potencial que ele detém aos olhos de João "wrm" Gomes.


Todos eles estão confiantes no projecto e querem é trabalhar, é para isso que tentamos caminhar.

Fraglíder: wrm, aqui no Famalicão Extreme Gaming a tua equipa acabou por não ter os resultados esperados e saiem daqui com 3 derrotas em 3 jogos, ficando o sentimento de que podiam ter feito mais. Com dois resultados apertados (um deles até pareceu estar na vossa mão), que avaliação é que fazem da vossa performance aqui? O que faltou á FTW para atingir os Playoffs?

wrm: Antes de mais quero agradecer à Fraglíder por esta entrevista e falando sobre o evento, a realidade é que fizemos uma mudanças recentemente e viemos para aqui com uma equipa que tinha pouco tempo de preparação. Olhando para equipa e jogadores que eu tenho, se eles estiverem num dia sim podem ganhar qualquer jogo facilmente como pode ser uma equipa que, nestes jogos apertados, dá o braço a torcer um pouco mais do que o que devia. Isso não acontece quando as equipas têm preparação, quando as coisas estão treinadas. A avaliação que faço deste torneio começa logo pelo jogo contra os Panthers, estavamos a ganhar 13:08 e cedemos 8 rondas seguidas em que 4 delas são buy rounds em situações de pós plant em que apenas numa estávamos em desvantagem numérica, o que isto me diz é que foi um jogo que foi decidido nos pequenos detalhes e que acabamos por pecar neles diante dos Panthers.

O jogo contra os Sharks surpreendeu-me mais pela atitude da equipa, dedicou-se, esforçou-se e mostrou que queria ganhar aquele jogo. O T side não nos correu tão bem porque infelizmente os Sharks reagiram sempre da melhor forma a tudo aquilo que nós fizemos, ao estilo de jogo que estávamos a aplicar. No pouco tempo de treino que tivémos, nunca tínhamos encontrado algo assim – os Sharks tinham solução para tudo e a Terrorista não houve por onde se pegar no jogo. Trocas de side a levar 13:02 (se não estou em erro) e até consegues montar e recuperar umas rondas consecutivas mas não deu para muito mais contra os Sharks. Já no jogo dos HD, é aquele jogo em que tanto uma equipa como a outra já estão fora da competição. Tudo bem que é um bom treino e é sempre mais um jogo em ambiente de LAN mas é algo mais relaxado, a malta não está com aquela fome de vitória "temos de ganhar" "temos de estar em cima deles". Posso dizer que da minha parte, enquanto coach, estou super contente apesar das 3 derrotas com a minha equipa. Todos eles estão confiantes no projecto e querem é trabalhar, é para isso que tentamos caminhar e não foi por perder aqui hoje e sair no último lugar que altera isso.

Viemos aqui com uma map pool de 4 mapas em que tivemos 1-2 dias a trabalhar os mapas, no máximo 3-4 horas por cada um – no CS:GO não há milagres.

Fraglíder: Como referiste, a FTW possui um projecto que tem sofrido muitas mudanças nestes últimos tempos. Perdem o rizz para os Giants, perdem o stadodo para os Team Zer0, tiveram uma situação infeliz que vos obrigou a fazer mais mudanças e parecem agora ter encontrado um core para estabilizar a equipa. Como estão todas estas mudanças a afetar-vos a nível de preparação?

wrm: Quando eu entrei na equipa, já o core rizz stadodo etc… estava formado. Tivemos um bootcamp marcado para preparar esta season e o qualificador da MLP e o que acontece e temos de pensar é que: os Giants querem montar aquele projecto, acabam por chamar o rizz e ele sai. Ninguém ficou chateado com isso, quando o rizz nos deu a notícia no bootcamp a primeira reação de toda a gente foi aceita, não há que contestar – é um salto na tua carreira e é para isto que todos nós trabalhamos. A saída do rizz acabou no entanto por gerar um efeito dominó: tivemos o w0rms que deixa de jogar porque, quem o conhece sabe que ele é uma pessoa que tem de estar num ambiente familiar e amigo para estar a jogar e quando começou a ver demasiadas caras novas, pessoas novas a entrar obrigatoriamente para a equipa, decidiu continuar a jogar mas fora da scene competitiva. Juntamente com o stadodo e com o SHOUW, montamos aquela equipa com o Born, pr e NOPEEj. Tentamos o nosso melhor – num dia o rizz, w0rms e fakes2 saíram da nossa equipa e no dia seguinte no bootcamp feito na gaming house já tínhamos os três novos jogadores; foi uma coisa de estalar os dedos e puff, fez-me magia, fez-se chocapic por assim dizer.

Claro que nos afetou porque num mês estás a trabalhar com uma equipa, outras semanas com outra equipa, agora já conseguímos fixar o core mas passamos por uma montanha russa que nos custou muito e nestes torneios afetou-nos, tanto na MLP como aqui. Isto é uma coisa que acontece, não me deita abaixo não fosse isto os esports em Portugal. Montei uma equipa que considero capaz e vamos trabalhar em conjunto, não vamos ficar cabisbaixos porque sabemos que temos qualidade e o que eu mais quero é não volte a ter efeitos dominó como aconteceu com o rizz.


As medidas que a Inygon tomou acabaram por ser selectivas da maneira em que só algumas equipas são beneficiadas.

Fraglíder: Falaste do Born, um assunto bastante comentado na comunidade. Vocês atingem a qualificação para a Eurogamer, no próprio dia após umas horas o Born leva BAN na FACEIT e o caos instala-se na comunidade. A decisão passou por vos desqualificar e impedir de voltar a participar na repetição com outro lineup como era o vosso desejo. Estando dentro da equipa, como é que vocês olham para toda esta situação e ter mais uma competição riscada do vosso calendário competitivo?

wrm: Já que se tocou neste assunto, eu quero desde já esclarecer uma coisa, algo que nunca foi falado e que toda a gente segue o que foi colocado na declaração da Inygon. A pura das realidades é que ninguém confirmou "um ban por cheats" para começar. O testamento que foi lançado pela Inygon e ainda bem que estamos a falar disto para esclarecer esta questão é que ninguém da FACEIT e falamos com o administrador da FACEIT que estava no Major a fazer o scan do BAN do Born confirmou que o ban aplicado foi "por uso de cheats". Atenção que a FACEIT simplesmente confirmou que não era um bug, que era mesmo um ban. Ninguém confirmou que ele estava a cheatar, ninguém confirmou nada, apenas de que o ban é real – só isso. Não gostei das palavras usadas pela Inygon e no que toca à nossa desqualificação, claro que eu queria jogar com a minha equipa nova que não tem o Born na equipa e acho que a organização está a pagar por uma coisa que é de um jogador individual. Não deixa de ser óbvio que o jogador está a representar a organizaçáo e como tal, tem de haver algumas consequências para a equipa que neste caso é a FTW. Eu não discordo totalmente, quando me disseram que não podia participar, claro que fiquei chateado e que queria ter essa competição no meu calendário porque nós qualificamo-nos para ela mas acho muito errado a maneira como a Inygon tratou de toda esta situação.

Para além do testamento e a afirmação que fizeram sobre o Born, foi a maneira como solucionaram porque o ban não é do qualificador #2, o ban é um ban. Não é do qualificador #2, não é do qualificador #1, não é da semana passada, não é de há um mês, não se sabe simplesmente. Ou seja, se eles querem refazer a bracket com as equipas que foram eliminadas pela FTW, o mais justo era as equipas do qualificador #1 também terem essa hipótese e essa decisão tomada por eles foi mesmo o maior erro que fizeram ao só dar oportunidade a certas equipas. O qualificador não foi único, para este torneio jogaram-se dois qualificadores e nos dois tiveste várias equipas eliminadas pela FTW e aquela ban não está lá a dizer "Ban for cheating do qualificador #2 da Inygon", o que está lá é "Ban for cheating". Não sei se foi propositado ou não, mas as medidas que a Inygon tomou acabaram por ser selectivas da maneira em que só algumas equipas são beneficiadas e há outras que não, e neste caso até falo de uma equipa que até tem muita gente contra, que o pessoal na comunidade não gosta que são os K1CK, é uma das equipas que devia lá estar nesse qualificador.

Deviam ter arranjado um qualificador fechado com as equipas eliminadas por nós no qualificador #1 e #2 e aí ficava decidido quem ia à Eurogamer. Para refazerem a bracket de um só qualificador em que apenas uma equipa aparece para jogar (uma mix) sem contar com os Panthers, basicamente bastava fazerem o jogo entre Panthers e ASP, repetiam para se fazer esse jogo e estava resolvido, foi basicamente o que eles fizeram – é a minha opinião clara sobre este assunto. Não estou aqui a dizer que o Ban foi mal dado, eu não digo que fomos injustiçados porque não o fomos, apenas que a situação em si podia ter sido resolvida de uma forma mais limpa e que não denegrisse a imagem das pessoas e da organização.


Estou muito contente com o grupo de trabalho que tenho, espero ter muito sucesso com eles.

Fraglíder: Agora que Famalicão já passou e está fora dos vossos planos, no que diz respeito a competições para a vossa equipa e uma vez que falharam o acesso à Master League Portugal, o que está no foco da FTW no que diz respeito a competições futuras?

wrm: O nosso objectivo a partir do momento em que críamos esta equipa é só um – crescer o máximo possível porque o céu é o limite para estes míudos que eu tenho, nós queremos é estar presentes em todas as fases finais e o que eu quero, enquanto objectivo pessoal é presenças nas final fours, é crescer com esta equipa. Eu quero que eles evoluam, é uma equipa muito jovem e que tem muito a aprender e o meu principal objectivo enquanto coach é auxiliar nessa evolução para que na próxima temporada estejamos aqui, mais fortes do que nunca e com a oportunidade que não tívemos nesta season que é realmente estar preparados para ela. Nós vamos usar esta temporada para tentar estar presentes em todas as final fours, finais, fases de LAN, como é óbvio a FTW e a nossa equipa têm de ter sempre em mente que as fases finais são para se estar lá.

Os resultados aparecem com o trabalho, dedicação e esforço e só com muito trabalho é que as coisas realmente andam, eu não posso estar aqui a dizer que para a semana ou um mês quero ser top 1. Não, eu quero é crescer o máximo possível e para isso irá depender do talento que eu tenho e é muito, agora também depende do trabalho das pessoas. Isto é tudo muito bonito, um mar de rosas mas são cinco personalidades diferentes, comigo seis e há muita coisa que pode não funcionar tal como há muita coisa que pode funcionar.

Fraglíder: Pensamentos finais ou agradecimentos que queiras deixar?

wrm: Como disse ao início, quero agradecer à Fraglíder e ao kazac principalmente por me fazer esta entrevista, quero deixar uma palavra à For The Win e aos seus sponsors, à Omen e à Twitch principalmente bem como deixar uma palavra à minha equipa. Quero dar-lhes os parabéns porque, apesar das derrotas hoje, não estava à espera da reação deles e estou muito contente com o grupo de trabalho que tenho, espero ter muito sucesso com eles.

Fraglíder: Obrigado wrm, boa sorte para ti e também para a FTW.