Na sequência da dupla vitória deste fim de semana para a equipa dos YNG Sharks, fomos ao encontro do capitão Renato "nak" Nakano após a final da Eurogamer para perceber se o nível das equipas portuguesas aumentou relativamente à sua primeira estadia em Portugal. Entre outros temas, questionamos se os Sharks equacionam seguir a tendência atual das equipas Brasileiras e mover-se para a scene Norte Americana, qual a influência do trabalho do recém contratado fisiologista no nível de preparação da equipa e qual a força do cenário brasileiro neste momento.


"Eu acho que subiu o nível no geral, os times estão jogando mais agora e surpreendeu-me positivamente."

Fraglíder: nak, os Sharks acabam de fazer uma dobradinha na sua despedida de Portugal ao vencer o Famalicão Extreme Gaming e o Eurogamer CS:GO Challenge. Olhando às equipas em que defrontaram em ambos os torneios nesta segunda estadia que fazem em Portugal, que avaliações fazes em relação ao nível das equipas? Aumentou em relação ao ano passado, ficou igual ou diminuiu na tua opinião? Quais as vossas maiores dificuldades?

nak: Em Famalicão, a gente passou tranquilo no grupo com a semi final e a final a serem um pouco mais difíceis, especialmente a final frente aos GTZ Bulls. Aqui na Eurogamer, a gente não teve fase de grupos mas conseguimos jogar bem na meia final e acabamos por vencer na final os OFFSET. Comparando com o ano passado, o cenário me surpreendeu um pouco para ser sincero, no ano passado eu acho que a Alientech estava um pouco acima dos outros times.

Neste ano, eu senti que tem vários outros times que jogam de maneiras diferentes – os próprios GTZ BULLS que a gente encontrou na final têm um nível muito bom e por isso eu acho que subiu o nível no geral, os times estão jogando mais agora e surpreendeu-me positivamente. A gente também evoluiu bastante do ano passado para cá e conseguimos fechar esses dois campeonatos, no ano passado a gente ganhou um e perdeu um, éramos um pouco mais inconstantes. Neste ano, mesmo com times mais fortes, toda a gente está bem fortalecida.

Fraglíder: Com estas duas vitórias na bagagem, partem no dia 17 de Outubro para o Brasil em busca da qualificação para os Minors e para disputar a ESL LA League, tentando repetir a vitória da edição passada para chegarem às finais da ESL Pro League em Odense. Quais são as tuas expectativas para este regresso ao Brasil? Encontram um cenário mais forte ou pouco mudou?

nak: Comparando com o ano passado, eu não sei dizer se o cenário Brasileiro cresceu, é difícil falar isso porque antes estavam lá equipas como a NTC, agora a Luminosity foi para fora, a NTC foi para fora então eu não sei dizer ao certo mas o nível dos times que estão lá é bom. O próprio Wild, W7M, a gente da Isurus então eu acho que isso período aqui na Europa serviu para fortalecer bastante a gente, essas duas LANs que a gente ganhou trazem bastante confiança e a gente vai para buscar as vagas mesmo.

O nosso objectivo é ganhar e conseguir a vaga no Minor – nós sabemos que é difícil como foi difícil no passado mas a confiança está grande e a gente tem boas chances.


"Os portugueses mandam-me mensagens e eu acho que é mesmo muito legal porque a gente se sente em casa aqui, passamos mais de metade do ano vivendo em Lisboa."

Fraglíder: Após a final da Eurogamer, o coachi referiu que os Sharks sentiram-se muitos mais acarinhados pelo público português. Quando chegaram cá no ano passado e comparando o mesmo torneio de uma edição para a outra, tiveram muito mais pessoas a ir ter com vocês e a interessar-se pela equipa. Como é que esta ligação aos fãs portugueses vos afeta? Estavas à espera de conquistar o público local mesmo quando vocês estão em competição direta contra equipas portuguesas nos eventos?

nak: Eu acho que é natural. No começo a gente não teve apoio e depois de um tempo estamos começando a ter algum porque, teve todo aquele início conturbado em que nós éramos Brasileiros, o público era Português e as pessoas ficaram um pouco revoltadas com isso. Depois, eles viram que a gente está aqui em Portugal sempre, que está jogando os campeonatos aqui, que é uma boa equipe e então eu acho que aos poucos a gente vai conquistando e isso é muito importante, sim.

A gente sente que é legal agora receber mensagens de portugueses, os portugueses mandam-me mensagens e eu acho que é mesmo muito legal porque a gente se sente em casa aqui, passamos mais de metade do ano vivendo em Lisboa, em Portugal. Nós já nos sentimos em casa aqui e é interessante sim que comece a haver esse apoio.

Fraglíder: Cada vez mais equipas Brasileiras têm feito a transição para a scene Norte Americana, tal como os INTZ que foram morar para o Canadá para competir na ESL Pro League NA. Este tipo de projecto é algo que já chegou alguma vez a ser equacionado pela vossa equipa? Tentar estabelecer-vos na América do Norte e conquistar aos poucos esse cenário ou estão satisfeitos com a presença entre o Brasil e Portugal?

nak: Eu acho que a gente nunca pensou nisso nem é um objectivo do time ir para NA, a equipe realmente quer ficar na Europa, entre a Europa e Brasil. Isso é o que a gente vai fazer, a Sharks é uma organização Portuguesa com jogadores Brasileiros, tem várias oportunidades aparecendo no Brasil agora – calhou do JNT e rcf terem necessitado do visto mas sim, vamos ficar no Brasil e Portugal.


"Está sendo muito legal o trabalho do Carlos (…) ele trabalha conosco semanalmente e isso tem ajudado e mudado bastante a gente."

Fraglíder: Nesta semana, os YNG Sharks anunciaram a contratação de um fisiologista. É uma aposta que já é feita por muitas organizações internacionais mas que é pouco comum em equipas dos cenários nacionais e Brasileiro. De que maneira é que a entrada do Dr. Carlos Martins afetou-vos? De que forma é que a sua ajuda vos auxiliou a elevar o vosso nível de preparação?

nak: Está sendo muito legal o trabalho do Carlos, o fisiologista. Ele está ajudando muito a gente, muito mesmo porque o CS exige muito da sua cabeça, da sua mentalidade e ele foca-se 100% nisso. A gente têm exercícios e trabalha conosco semanalmente, isso tem ajudado e mudado bastante a gente. Cada jogador tem o seu ponto fraco e o seu ponto forte e ele procura trabalhar nisso. A gente faz sessões individuais, cada jogador tem o seu trabalho individual e também temos o trabalho de equipe.

Tudo isso está sendo muito legal e desde que começou que só temos visto coisas positivas, mostrando também o interesse da Sharks em estar investindo e a gente gosta disso, nós sentimos muito mais seguros, traz mais segurança ao time e faz com que o nosso nível aumente.

Fraglíder: Algumas palavras finais que queiras deixar para alguém em especial? Para a tua equipa ou também seguidores?

nak: Eu quero agradecer ao fãs que a gente têm começado a conquistar aqui em Portugal. Para a gente é muito importante, a gente trata cada fã talvez até mais importante que os Brasileiros porque é um negócio que a gente não tinha nada no começo, agora está começando a crescer e a ser muito legal isso. Agradecer à Sharks por todo o apoio que nos dão, ao coachi, ao Carlos nosso fisiologista também e os patrocinadores que é importante, AOC, Club Fitness e à Young Network.

Fraglíder: Muito obrigado nak, parabéns por estas duas conquistas e boa sorte para ti e para a tua equipa neste regresso ao Brasil.

nak: Valeu, obrigado.