No media day da BLAST Pro Series Lisboa, tivemos a oportunidade de conversar com Olof "olofmeister" Kjabjer dos FaZe Clan e debater vários temas da scene internacional bem como o fim de uma era para os FaZe no início de 2018. Para além dos problemas internos e tentar perceber o que mudou nos FaZe, obtívemos também a opinião do jogador acerca das ligas online, do que espera para este torneio da BLAST a nível de resultados e público bem como de Cloud9 e MIBR que se apresentam com standins nesta competição.

 


"Estamos a ver uma mudança acontecer na forma como se joga o Counter-Strike e no estilo de jogo das equipas" (Foto por Hltv.org)

Fraglíder: Olof, durante a reta final de 2017, falava-se sobre uma era dominada pelos FaZe Clan e marcada por bastantes vitórias e segundos lugares conquistados. No início de 2018, falham o vosso objetivo de ganhar um Major após perder a final para os Cloud9 e deste então, a vossa performance regride e passam de lugares cimeiros a sair de torneios prematuramente. Na tua perspetiva, o que mudou do início de 2018 até agora?

olofmeister: Bem, existem muitas equipas que ficaram muito melhores e ao mesmo tempo, tive coisas que necessitei de resolver e fiquei afastado durante alguns meses, mais tempo do que aquilo que era esperado. Quando eu voltei, existia uma atmosfera diferente na equipa e nós temos estado desde então a tentar perceber como funcionar com isso. Neste momento, a tarefa é muito difícil na scene internacional onde qualquer equipa tem a capacidade de bater outra, talvez excepto os Astralis que são a única equipa consistente no que diz respeito a chegar a finais e vencer torneios.

Todas as outras tanto podem ganhar um torneio como ficar pela fase de grupos no seguinte, é muito difícil especialmente porque estamos a ver uma mudança acontecer na forma como se joga o Counter-Strike e no estilo de jogo das equipas, ainda está a ser feito esse estudo em relação a oponentes. Sem dúvida que vão acontecer coisas interessantes na scene nos próximos meses e vamos ter várias equipas muitas boas a aparecer.

Fraglíder: A vossas vitórias até agora em 2018 aconteceram na IEM Sidney, ESL One Belo Horizonte e EPICENTER, tendo já participado em vários eventos da BLAST. Sendo este o último torneio de 2018, o vosso foco estará na vitória ou, como outras equipas referiram, tratar de resolver os seus próprios problemas para entrar bem em 2019?

olofmeister: O nosso objetivo neste torneio é vencer, em todos eles o objetivo tem de ser esse e claro que queremos jogar melhor, acabar o ano com uma vitória é o que desejamos e todas as outras equipas aqui presentes também. Ninguém quer sair daqui 0-5, mesmo que consigam resolver pequenas coisas dentro da sua equipa – claro que para além da vitória, gostaríamos de poder trazer algo bom deste torneio para o Major que se aproxima.

Fraglíder: À entrada para este evento, verificamos já duas equipas que se apresentam com mudanças para este torneio – MIBR com swag e Cloud9 com refrezh. Achas que o fato de estarem com standins irá de alguma forma mudar a vossa partida quando tiveres de enfrentar ambas?

olofmeister: Há algumas desvantagens em ter um standin, nunca jogaram antes, tens a questão da comunicação e mesmo só mudando um jogador, podes ter de mudar até 3 posições porque o jogador que trazes nunca desempenhou o lugar que está livre, problemas desse género e que tens de colocar o resto da equipa a adaptar-se a isso. No entanto, digo que a BLAST é muito provavelmente o melhor evento para qualquer equipa se apresentar com um standin – é tudo BO1 na fase de grupos e fazes os vetos, se não estou em erro, duas semanas antes. Sabes com bastante antecedência os mapas que vais jogar e se fores uma equipa que só tem de se concentrar em dois, torna-se tudo mais fácil. Não sei que mapas é que os Cloud9 e os MIBR vão jogar.

 


"Sempre fui contra as ligas online, não gosto delas por serem muito aleatórias" (Foto por Hltv.org)

Fraglíder: Os MIBR vão jogar no de_mirage quatro das suas cinco partidas na fase de grupos.

olofmeister: Portanto, é muito mais fácil para eles fazer a preparação porque conseguem concentrar-se a fundo no de_mirage. As coisas estão bem mais facilitadas do que se estivessem num torneio em que os vetos são feitos na altura, no entanto é como referi anteriormente, também possuem as suas dificuldades por ter um standin. Penso que essas equipas irão tentar na mesma vencer o torneio, mas o mais provável é acabarem por vir para se divertir. Quando estás a divertir-te, não sentes tanto a pressão e acabas a jogar muito bem.

Fraglíder: Durante esta temporada, os FaZe Clan falharam o apuramento para as finais da ESL Pro League S8, em Odense, que foi certamente um golpe duro. Muitas conversas tem sido geradas sobre estas ligas online e sabemos inclusive que a ESL irá fazer mudanças que ainda não anunciou de forma a reduzir a fadiga para os jogadores e a saturação de jogos para quem vê, expandindo a liga ainda mais no entanto, serão agora 16 equipas a participar. Qual é a tua opinião sobre o estado atual das ligas de CS:GO?

olofmeister: Sempre fui contra as ligas online, não gosto delas por serem muito aleatórias. Sao tantos os fatores que podem condicionar o teu jogo, não acho nada justo para os jogadores mas é certo que deviamos ter garantido o apuramento para as finais da ESL Pro League e também da ECS, é inaceitável para nós não termos conseguido essas qualificações. Eu espero que hajam menos jogos realizados online e percebo que as organizações façam estas alterações e expansões para terem mais viewers, terem mais patrocinadores, etc…

Não sei, não gosto de fazer tantos jogos e basicamente, quer na ESL, quer na ECS, acontece 2-3 vezes ter de defrontar a mesma equipa num espaço de dias para ambas as ligas. Por exemplo, penso que foi contra os fnatic que num dia tivemos de jogar para a Pro League inferno e dust2, no dia seguinte para a ECS lá estavamos nós novamente a jogar contra os fnatic em inferno e dust2. Depois é exatamente o mesmo conceito, vetos, tudo… é simplesmente estranho, não gosto mesmo nada.

Fraglíder: Equipas como os Astralis começaram por abdicar de participar em alguns torneios para se preservarem melhor ao longo da temporada, com alguns a considerar que é uma tática eficiente. Achas que todas as equipas deveriam fazer um planeamento do seu calendário e não aceitar todos os convites que lhes são endereçados, fazer esta microgestão?

olofmeister: Num mundo perfeito, eles estão a fazer aquilo que é certo mas também é mais fácil estar num mundo perfeito quando os Astralis são a melhor equipa do mundo e talvez de sempre. Quando estás a vencer, é muito mais fácil continuares a fazer isso e abdicar de certos eventos porque funciona com eles, certo? Vamos agora supor o cenário em que os FaZe se tinham qualificado para as finais da ESL Pro League em Odense e que rejeitávamos vir aqui a este torneio, o que faziamos?

Podemos sempre ter um mau torneio, mas se abdicarmos posteriormente de dois torneios para recuperar, tu entras no torneio seguinte com muita pressão em cima de ti para que as coisas corram bem e que consigas um bom resultado. Se não o conseguires fazer, vai parecer muito estranho não teres comparecido nos outros torneios – concordo mas no CS:GO parece que as pessoas se esquecem rápido de muitas coisas. Nós ganhamos a EPICENTER, num dos torneios seguintes penso que ficamos pelas meias finais mesmo tendo ganho aos Astralis por 2-0 na fase de grupos, fomos eliminados pelos Team Liquid que chegaram à final e todos acharam que jogamos muito mal, ninguém se recorda das vitórias.

 


"É mais fácil estar num mundo perfeito quando os Astralis são a melhor equipa do mundo e talvez de sempre" (Foto por Hltv.org)

Fraglíder: Tens de preparar uma equipa para defrontar os Astralis. Por onde começas? Algum ponto fraco que consideres existente e que pode ser explorado? O que devem as equipas ter em mente antes de enfrentar um adversário desse calibre para poder ambicionar a vitória?

olofmeister: É certo que todas as equipas tem de entrar nessa partida a jogar muito bem, não há rodeios quanto a isso para os vencer. O mais importante é mesmo a questão do respeito/medo – nós já os vencemos por 2-0 em Chicago e é certo que os respeitamos porque são muito bons, mas tu não os podes respeitar ao ponto de teres medo deles e isso acontece com muita gente. Na mente dos jogadores antes dessa partida, isso acontece. Quando estava nos fnatic e estávamos na nossa era, muitos jogadores vinham ter comigo e diziam que mesmo que estivessem a vencer 12-3 numa partida, que tinham medo de nós porque sabiam que nós eramos bem capazes de virar o jogo e fazer o comeback – devido a isso, começavam a fazer erros estúpidos.

Assim que isso começar a desaparecer, vai ser mais fácil derrotar este tipo de equipas porque para mim, existem muitas equipas no topo da scene com capacidade para os vencer bem mais vezes do que aquelas que tem acontecido. Eles são muito bons e sem qualquer dúvida, a melhor equipa do mundo mas penso que ainda existe muito medo e que os jogadores entram no servidor contra eles a pensar demasiado.

Fraglíder: Algumas palavras finais que queiras deixar ou talvez lançar expectativas para o dia de sábado quando a Arena abrir ao público?

olofmeister: A arena vai encher, espero muitas pessoas loucas por CS e vai ser uma grande experiência. É a primeira vez que estou em Portugal e estou bastante feliz por estar aqui, tudo lá fora tem um aspeto sensacional e fiquei bastante surpreendido com o nível de Inglês que os portugueses possuem, no geral estou empolgado por esta visita a Portugal.

Fraglíder: Obrigado olofmeister e boa sorte para as vossas partidas aqui em Portugal.

Foto de capa propriedade da DreamHack.