A inygon presenteou a comunidade de CS:GO, no início do ano, com a apresentação da LPCS de cara lavada, que na teoria iria oferecer mais experiência em LAN para os jogadores e mais emoção para quem assiste esta competição. Terá a produtora de torneios portuguesa voado demasiado perto do sol como Ícaro?

O que é certo é que depois de um primeiro fim de semana com bastante emoção, quiçá até demais, o grupo B fica marcado por um erro de gestão que, na minha opinião, prejudicou toda a gente desde quem assiste até a própria competição. O fim de semana que passou via o regresso de projetos dos OFFSET e sAw ao ambiente competitivo em LAN, após as trocas que ambos fizeram e já com algum treino efetuado, ainda que possam estar longe do nível que querem.


À entrada para o grupo B, tanto Baecon como sAw tinham competições internacionais no seu calendário.

Contando com os jogos de high profile, havia também umas condicionantes à entrada para este grupo da LPCS. No início da semana passada os sAw conseguiram um lugar no qualificador fechado europeu da FLASHPOINT, antiga ECS, após uma autêntica maratona de 13 horas de jogo e este iria ser disputado entre os dias 14 e 17, que entrava em conflito com o compromisso feito com a Inygon.

Para além da equipa de stadodo, os Baecon.4Gaming também se encontravam com um conflito pois estavam nas semi finais da temporada 5 da ESN, competição que também terminava no mesmo fim de semana. Este seria, sem dúvida, um grande teste para a capacidade de gestão da inygon e ao formato em si, que quando foi anunciado teve alguma contestação em relação a possíveis conflitos com outras competições.

Os primeiros jogos tiveram como vencedores os sAw e Baecon, resultados que facilitava a vida à Inygon, isto porque poderiam trocar o primeiro jogo de eliminação com a final dos vencedores e libertavam ambos os vencedores do resto do dia para conseguir comparecer nos outros compromissos que tinham.

Óbvio que sem saber quais os resultados dos primeiros jogos, a inygon deveria de ter apresentado os vários cenários possíveis às equipas participantes e consequentemente apresentar as soluções de horários os restantes encontros. O que é certo é que a decisão foi jogar a final dos vencedores no mesmo dia a altas horas da noite a depender do qualificador da FLASHPOINT, que de várias perspetivas foi a pior decisão feita.


Os sAw terminaram uma maratona de jogos no Sábado com uma derrota por default. Não haveriam outras soluções possíveis?

Começando pela competição em si, não há qualquer vantagem em forçar uma série para às 22.30, parece que se continua a perpetuar a ideia de quem participa são só atletas no papel, porque caso contrário a organização teria em conta o desgaste por parte dos sAw após terem jogado três séries à melhor de 3, e até o cansaço dos jogadores dos Baecon pela espera de algumas horas até se poder realizar o jogo.

Portanto para além do rendimento de ambas as equipas estarem comprometidos, no fim de contas o vencedor iria ser a equipa que não adormecesse em cima do teclado e se calhar teriam de jogar com palitos nos olhos, o que é estranho numa competição onde supostamente se quer as equipas a jogar no seu melhor nível.

Para o público, por muito boa que fosse a final, acho que o cansaço das equipas iria trespassar para o nível de jogo dentro de servidor e iria ludibriar por completo a experiência de ver a final, com a agravante de que o horário escolhido para um jogo destes é outra decisão pobre, considerando que na caminhada para a profissionalização dos esports em Portugal também tem que se passar a pensar nas horas a que se transmitem os jogos para maximizar os números e dinamizar as marcas que trabalham com as competições para que consigamos manter a confiança e continuar a ser aposta por parte das mesmas.

O que é certo é que a escolha de ficar dependente do qualificador da FLASHPOINT não foi acertada, como seria fácil de prever o mesmo atrasou, e a vitória foi dada à equipa dos Baecon após um castigo aplicado aos sAw, de dois defaults consecutivos na série.


"As competições nacionais devem servir para dinamizar o ambiente competitivo e ajudar as equipas a elevar o seu nível"

Sinceramente penso que este castigo foi dado pelo facto de os Baecon já terem sido de certa forma prejudicados ao ter de abandonar a semi-final da ESN, ainda assim num formato como este dar um default deve ser a opção de último recurso, porque num formato GSL perder um mapa conta muito mais comparando com um formato round-robin. Como o dia estava a chegar ao fim, deviam de ter estudado a viabilidade de adiar a final para o dia seguinte e só após perceber que não havia condições para jogar 3 BO3 no Domingo deviam de ter dado o devido castigo.

Por fim, a escolha de um formato que agrada a todas as partes, organizadores, marcas, público e jogadores é importante para manter uma comunidade saudável, mas é necessário perceber os riscos que se tomam e ser eficaz na altura de solucionar os problemas. Lembrando que o sucesso das equipas portuguesas lá fora é a montra para o que se passa cá dentro, logo as competições nacionais devem servir para dinamizar o ambiente competitivo e ajudar as equipas a elevar o seu nível e não colocar entraves.

O melhor exemplo será o grande aumento de interesse pela comunidade CS:GO brasileira quando a equipa de FalleN começou pisar e a ganhar os maiores títulos internacionais, por isso a LPCS e qualquer outra competição nacional só tem a ganhar quando estas equipas conseguem mostrar bons resultados lá fora.

O artigo revela a visão do autor, Pedro "rpstvs" Esteves, e não do portal onde é apresentado.