É um desejo de todos nós ver, por exemplo, uma equipa portuguesa chegar a um campeonato tão prestigioso como um Major a nível internacional. Mas, quais são os obstáculos que Portugal enfrenta para tal acontecer?

Primeiramente, considero fulcral uma fusão definitiva da scene espanhola e portuguesa para que a evolução seja conjunta e para que ambos colham maior recompensas. Existe uma junção que tem sido realizada gradualmente, no entanto, equipas portuguesas competem nas ligas espanholas, mas as espanholas não competem nas nossas, o que defendo é a integração das espanholas também nas nossas.

Eu defendo a criação de uma superliga ibérica, que não seja exclusiva, mas que toda a gente reconheça que esta seria a maior e melhor liga ibérica. Sugeria algo muito parecido ao que acontece no Brasil com o Clutch Circuit, apenas diferenciando o tópico da exclusividade. Se o Brasil abriu as portas a todos os países à sua volta para, juntos criarem uma scene de CS:GO muito mais forte, porque é que nós não fazemos o mesmo?


"Considero fulcral uma fusão definitiva da scene espanhola e portuguesa para que a evolução seja conjunta e para que ambos colham maior recompensas"

Oito equipas em que jogariam todas contra todas e as duas equipas com mais pontos iriam para a final à melhor de cinco. Todos os confrontos seriam em LAN que ,tanto Portugal e Espanha caso unissem forças, conseguiriam fazer pacificamente.

Este mesmo assunto poderia trazer inúmeros problemas confesso. O tema do monopólio é um deles em que se desvaloriza inúmeras organizadoras de eventos que muito tem feito para que o Counter-Strike cresça em Portugal.Isso de facto é a realidade, e a proposta acima descrita caso acontecesse estas teriam de se adaptar fazendo ligas com equipas que ficaram de fora da liga que propus, ou até mesmo, fazendo associação com a superliga em que as melhores equipas dessa mesma liga fariam parte da próxima edição da superliga.

A abolição das ligas por parte destas e a criação de torneios de maior relevância inserindo equipas internacionais é também uma solução. Tudo isto são propostas mas tenho de confessar que qualquer sugestão que fiz estaria a ser muito injusto com as organizações que tanto lutaram para criar uma scene portuguesa de CS:GO, para além de ser um pouco utópico. Todos tem o seu espaço para que se desenvolva uma scene conjunta e coesa.


"Os grandes empresários e as próprias instituições desportivas, ainda não encontraram motivos para investir no CS:GO, tendo a maioria dessas organizações, jogadores oficiais de FIFA"

A falta de apoios monetários no nosso país é também um dos impedimentos. Os grandes empresários e as próprias instituições desportivas, ainda não encontraram motivos para investir no CS:GO, tendo a maioria dessas organizações, jogadores oficiais de FIFA. O conteúdo do jogo é por vezes utilizado como "desculpa" para que esse investimento se capitalize. Quando se fala na necessidade de investimento é importante refletir se todos os intervenientes do ambiente de esports já provaram que são merecedores de isso mesmo.

Nomeadamente jogadores que já tiveram as suas oportunidades e não souberam usufruir das condições oferecidas, em que careceu de um empenho e a dedicação maiores, para não falar das horas colocadas em jogo. Até que ponto os jogadores com maior investimento e melhores condições à sua disposição, irão ser profissionais suficientes para mostrarem que são merecedores disso mesmo?

As equipas de esports conseguem oferecer aos jogadores o que podem e é de realçar o trabalho realizado por algumas para que se aproximem cada vez mais do que se faz lá fora. Porém também existem organizações que viram a cara ao profissionalismo e o código de conduta para resolver determinados assuntos mais delicados não é o melhor. Claramente que com "palco maior" e com a abertura da sociedade ao mundo dos esports as oportunidades para estas crescem muito mais, nomeadamente em patrocínios e na injeção de capital.


"Claramente que com "palco maior" e com a abertura da sociedade ao mundo dos esports as oportunidades para estas crescem muito mais, nomeadamente em patrocínios e na injeção de capital"

Penso que a falta de qualidade não é uma das barreiras simplesmente acho que alguns jogadores com outras condições poderiam desenvolver-se muito mais. Todavia, pegando neste mesmo tema é essencial referir um dos principais dilemas do jogador de Counter-Strike em Portugal. Os esports são um tema relativamente novo em Portugal e a taxa de empregabilidade ainda é reduzida. Um jogador de, por exemplo, dezoito anos com aspirações profissionais e com a pressão doméstica para que este se bem suceda no mercado do trabalho, vai largar tudo isso para seguir a carreira de jogador de profissional?

Mesmo que queira conseguirá sobreviver, monetariamente falando, apenas competindo localmente? Ainda assim, se o jogador assim o entender até que ponto o jogador não se torna num verdadeiro craque e recebe propostas para jogar em alto nível. Pode-se tornar um craque ou apenas descobrir que não tem talento para aquilo e deixou os estudos para se dedicar ao jogo para depois fracassar. Isto aplica-se a qualquer jovem que queira seguir uma carreira jogando profissionalmente, não se aplica única e exclusivamente ao CS:GO.

Este é um dos temas que mais me vem à cabeça quando se fala de esports em Portugal e também um dos temas mais sensíveis para se falar. Nesse mesmo sentido, deixo aqui o meu desabafo.

O artigo revela a visão do autor, Rafael "LeafaR" Ferreira, e não do portal onde é apresentado.