É quase impossível passar ao lado de toda a polémica gerada em torno da selecção nacional este ano, desde a alteração ao método de escolha do seleccionador até à formação da equipa nacional, tudo levantou questões e gerou discussão.
Nos últimos anos temos assistido a uma rápida e descomplexada escolha da selecção nacional, enquanto que Ricardo "s0nc" Pinheiro se assumia como team manager e lidava com toda a parte burocrática, o capitão escolhido assumia as rédeas da equipa, incluindo a escolha dos jogadores.
Este ano assitiu-se a uma alteração de todo o processo, com a introdução de um período de candidaturas para "representante da selecção nacional", aberto a toda a comunidade. No entanto a transparência foi pouca, os critérios de aceitação e rejeição das candidaturas nunca foram mencionados e os prazos estipulados nunca foram cumpridos.
As candidaturas.. e as datas.
O período de candidaturas foi aberto no dia 6 de Setembro e a data limite para envio das mesmas fixada a 20 de Setembro, oferecendo 14 dias aos interessados para que enviassem a sua candidatura, a qual seria posteriormente aceite ou recusada pela administração, no entanto sem nunca justificar a sua decisão.
Foi ainda incluído nos requisitos um "plano de candidatura", algo totalmente novo, mas sem nunca referir o que se esperava ler num plano de candidatura ou as linhas de orientação a seguir. A transparência começava a escassear.
A votação.. no local errado, à hora errada.
No entanto a 14 de Setembro, seis dias antes do prazo inicialmente estipulado para o encerramento do período de candidaturas, surge um comunicado oficial da administração anunciando a abertura das votações para eleger o representante/seleccionador.
São publicadas as oito candidaturas aceites pela administração, entre elas a de Rui "DUKY" Braun, membro da administração da ESL Portugal. Tal nunca foi proibido, e até mesmo Ricardo Pinheiro chegou a desempenhar ambas as funções, no entanto o facto de tal votação decorrer na própria ESL Portugal deixou novamente algo a desejar no que toca à transparência e isenção.
Nos restantes sete candidatos encontrava-se Hélder "coachi" Sancho, ex-capitão da selecção nacional, candidatura que não terá sido enviada pelo mesmo, conforme fez questão de referir publicamente. A escolher-se automaticamente o antecessor, conforme pareceu ser a decisão tomada, deveria ser apresentada a candidatura de Ricardo Pinheiro, e não de Hélder Sancho.
A votação decorreu normalmente, cada votante teria que estar registado na ESL e identificada no sistema para se pudesse votar, e os resultados omitidos até que fosse encerrada a votação, mas quando? Nunca foi apontada qualquer data para o terminar da votação, simplesmente.. terminou.
E mais uma vez a transparência sofria um duro golpe.
424 eleitores.. 2 votos de diferença.
A votação foi aberta no dia 14 de Setembro, cerca das 19:40, e encerrada no dia 16 de Setembro, pouco faltava para as 13:00 horas. Foram contabilizados no total 424 votos, sendo o vencedor apurado com uma diferença de.. 2 votos (0,47%).
Quem decidiu quando encerrar a votação? Porque não foi imposto um período de voto, evitando assim qualquer teoria sobre a manipulação da votação?
A selecção.. do seleccionador.
Enquanto que se esperava que fosse Rui Braun a lidar com as questões burocráticas do processo e deixar para o capitão a escolha dos jogadores que deveriam integrar o grupo de trabalho, conforme se fez até hoje, tal não aconteceu.
Seguindo as palavras de Rui Braun aqui no Fraglider, a intenção seria realizar "treinos internos", daí ele mesmo ter escolhido os 10 jogadores, entre eles dois para exercerem o cargo de capitão, e de onde posteriormente sairia a equipa final composto por 5 jogadores.
O facto é que nunca tal foi referido, a equipa nacional foi apresentada como sendo aqueles dez jogagdores, e nenhum dos capitães que deveria ter o controlo sobre quem é chamado à selecção exerceu o seu direito de escolha.
E tudo volta às suas origens.
Um dos capitães escolhidos, Hélder "coachi" Sancho, não concordando com o actual modelo, recusou o convite para a selecção nacional, sendo seguido pelos seus companheiros de equipa, deixando a formação com seis jogadores.
O desenrolar dos acontecimentos levou a uma cada vez maior perda de credibilidade por parte de Rui Braun, que incapaz de responder às questões colocadas pela comunidade em relação a todo o processo, acaba por abandonar o cargo.
Neste momento ainda é incerto o futuro que a selecção irá tomar, mas tudo aponta que volte às suas origens. Ricardo Pinheiro irá tomar novamente as rédeas da gestão burocrática, enquanto que Hélder Sancho irá liderar a equipa assumindo o cargo de capitão.
Da teoria à prática.
A teoria era boa, a intenção de criar um sistema mais democrático e aberto à comunidade iria gerar uma maior aproximação da mesma à selecção e aos seus valores. No entanto, e dadas as circunstâncias, seria necessário seguir um caminho bem traçado.
Falhou-se no processo de candidaturas. O prazo estipulado não foi cumprido, as candidaturas foram rejeitadas sem razão aparente, os critérios nunca foram mencionados.
Falhou-se no local de votação. Estando um administrador da ESL Portugal a concorrer ao cargo, deveriam ser procuradas alternativas de forma a sustentar a transparência e imparcialidade do processo.
Falhou-se no período de voto. Nunca foi introduzida qualquer data limite para se votar, tendo sindo a votação encerrada subitamente, sem aviso prévio, e quando a margem que separava o vencedor do vencido era praticamente mínima.
Falhou-se na escolha da equipa. É da responsabilidade do seleccionador escolher um capitão, e direito do capitão escolher a equipa com que quer trabalhar.
Talvez no futuro se possa repetir a experiência, evitando os erros do passado.
A administração da ESL Portugal relegou para brevemente um comunicado oficial relativo à selecção nacional de Counter-Strike 1.6, no qual já será explícito qual o rumo a seguir este ano, incluindo a equipa que representará Portugal nas próximas competições.