A RESET venceu ontem a primeira VCE Cup #1 por 3-2 contra a Arroz no IberAnime Lisboa, levando para casa 1500€.

O jogo teve lugar no Palco Esports do IberAnime Lisboa, na FIL, sendo o terceiro jogo de Valorant realizado presencialmente em Portugal. Os primeiros dois foram em 2021, nas duas edições da MagicShot Techdays em Oeiras e Aveiro, respetivamente.

Não foi a primeira vez que ambas equipas se enfrentaram; aliás, foi a terceira. O primeiro jogo entre a Arroz e a RESET foi no VCE, vencido 13-10 pela RESET. A segunda foi no qualificador para esta VCE Cup, série vencida pela Arroz 2-1.

“Nós sabíamos que tinham sido três mapas bem pegados. 14-12, 14-12, 13-11, sabíamos que literalmente podia cair para qualquer equipa”, disse Carlos “k0mpa” Nunes.

De acordo com Miguel “Bati” Batista, essa vitória foi um abrir de olhos para a RESET. Foi uma prova de que a Arroz consegue estar em pé de igualdade com a RESET e onde estiveram bastante superiores aos seus adversários.

Para três quintos da equipa de k0mpa, os palcos não eram novos. Para a Arroz, a história era diferente. Era das primeiras vezes, se não a primeira, em palco para muitos dos jogadores.

“Eu já disse isso várias vezes, eles são todos muito novos e a realidade é que o nervosismo vem à flor da pele. Eu também não tenho assim tanta experiência em LAN e é muito difícil mantê-los calmos e estar sempre a puxar para cima quando as coisas correm mal”, disse Bati.

O Bind que podia ter sido o mapa final

A grande final começou no Bind, mapa de eleição dos Arroz. Apesar disso, foi a RESET marcar uma liderança 2-0 inicial. No entanto, a Arroz manteve o resultado renhido e nenhuma equipa se destacou consideravelmente. Com a RESET a perder 4-3, Nuno “silenttt” Rodrigues abateu dois no B e voltou a colocar a sua equipa em pé de igualdade, convertendo essa clutch num resultado 6-4. Antes da metade acabar, a Arroz salvou duas rondas e deixaram a metade 6-6.

Findada a primeira metade, Tomás “tomaszy” Machado já contava com 17 eliminações e 334 de ACS, mais 88 que o seu colega de equipa mais próximo.

Na defesa, a Arroz entrou mais forte. A equipa de Bati facilmente somou cinco rondas na segunda metade, indiferenciada por uma pausa tática da RESET e ajudada por vários 3K de tomaszy. A perder por 11-7, a RESET conseguiu encaixar três rondas que a levou ao 11-10. Depois de uma pausa tática da Arroz, a equipa alcançou match point. Rodrigo “GENETIC” Silva quase deu à sua equipa a vitória, mas foi negado por Miguel “Akira” Barbosa e o jogo seguiu depois a prolongamento.

“Eu não gosto de ser assim, mas a realidade é que cada vez que eles iam B aquilo era uma casa a arder”, revelou Bati. “O GENETIC e o David [DaviH] não se ouviam um ao outro, nós não conseguíamos ouvir nada. Eles saltavam do Hookah, ninguém sabia e… pronto, é difícil. Em sistema normal, tínhamos ganho o Bind muito descontraídos.”

Um longo prolongamento acabou por cair a favor da RESET 17-15, com várias jogadas de destaque pelo meio: um 1v1 de mengas, um 1v1 e 1v4 de Akira, assim como três 3Ks de nasK, tomaszy e David “DaviH” Cruz.

“Eu acho que foi o [jogo] mental da equipa. Mesmo a perder 12-8, se não me engano, a equipa estava confiante que ainda ia conseguir buscar o mapa e depois começámos a perceber as falhas deles no mapa”, afirmou k0mpa. “Lá está, a equipa nunca foi abaixo. Eu acho que isso é o mais importante. O [jogo] mental estava sempre positivo, sabíamos que era possível ia buscar o jogo a qualquer momento, eles também nos podiam ter fechado no overtime mas nós agarrámos sempre nas rondas no overtime.”

O capitão e IGL da RESET k0mpa brilhou no mapa de abertura da série, encontrando 33 kills, sete delas a abrir rondas. tomaszy, ainda que tenha perdido o mapa, foi o jogador mais valioso da sua equipa com um 324 de ACS e 213 de ADR.

Sete rondas seguidas deram o Ascent à Arroz

Depois de conseguirem roubar o Bind dos seus adversários, a série passou para a escolha da RESET: Ascent. Uma vitória aqui colocá-la-ia a um passo de vencer a série. A última vez que estas duas equipas se encontraram neste mapa, a Arroz ganhou 14-12.

Apesar de começarem o Ascent a ganhar com um ace de Paulo “Zino” Figueiredo, a RESET rapidamente recuperou e saltou para a frente 3-2. O marcador saltou para 6-3, a que ponto a Arroz ganhou a sua quarta ronda. silenttt respondeu com um clutch que eventualmente permitiu à sua equipa um 8-4 ao fim das primeiras 12 rondas.

Tal como na primeira metade, a Arroz venceu as primeiras duas rondas. Com rifles na mão, a RESET respondeu com três rondas que a levou ao 11-6, a última destas um 1v1 de silenttt. A partir daqui a Arroz reentrou no jogo e encadeou sete rondas seguidas, ganhando o mapa 13-11 e igualando o resultado da série.

“Há uma ronda crítica, onde o David e o Tomás vão buscar um 2v3… mas é merecido. Nós vacilámos muito, eles souberam superar esse vacilo que nós demos e, sinceramente, estão de parabéns”, relembrou k0mpa.

Apesar de renhido, o Ascent foi positivo para todos os jogadores da Arroz. Nenhum jogador terminou o mapa com um diferencial negativo, destacando-se Bati com os seus 302 de ACS e 83% de KAST, abrindo seis rondas de Sova.

“Esse mapa foi incrível. Eles confiaram a 100% em mim, eu estava a dar boas calls e boas reads neles”, disse o IGL da Arroz. “Eles estavam sempre a dizer ‘Bati, dá a call e nós seguimos.’ E foi isso. Eles não deram pause e isso fez com que o nosso momentum todo continuasse.”

Haven: o mapa sem história

Com uma viagem às areias do Breeze já garantida, o vencedor do Haven seria a equipa a derrotar no quarto mapa. Ganhasse quem ganhasse, ficavam a apenas um ponto de vencer a série.

Apesar de um início renhido, onde Akira colocou a RESET numa vantagem 3-2, a Arroz forneceu uma resposta breve e forte. A perder por 3-2, GENETIC e companhia venceram seis rondas de seguida para alcançar uma esmagadora vantagem 8-3. A RESET fechou a metade com um quarto ponto, 8-4.

Os jogadores da RESET não se deixaram afetar pelo marcador, e recuperaram as primeiras quatro rondas da segunda metade para deixar o Haven empatado a 8-8. A Neon de tomaszy deu à sua equipa o seu primeiro ponto a defender com um 3K no A, e a sua equipa aproveitou essa ronda para alcançar a vitória 13-8.

“Nós sabíamos que se fossemos a Haven que os íamos rebentar. Acho que o nosso Haven é muito bom, a Neon é muito forte. O David está a jogar bem de Breach e nós tínhamos 100% de certeza que íamos ganhar o Haven sem sombra de dúvida. Foi um mapa que não teve história”, disse Bati.

Para k0mpa, ignorando problemas técnicos exteriores ao torneio, a composição da Arroz foi a maior dificuldade na equipa. A RESET não conseguiu acompanhar a mistura de habilidades de Breach, Neon, Omen e Sova e k0mpa entregou todo o mérito à Arroz.

O KD de 1.69 de DaviH deu aos Arroz uma vitória rápida e confortável, refletindo-se isso nas suas sete multikills e no facto de não ter perdido um único duelo durante o mapa.

A segunda ameaça da retoma da Arroz no Breeze

Tal como no Ascent, o outro mapa de eleição da RESET, a Arroz venceu as primeiras duas rondas. No entanto, a RESET respondeu com quatro rondas. Um 4K de nasK deu à RESET a vantagem 4-2, mas uma ronda thrifty da Arroz voltou a colocar as equipas em pé de igualdade 4-4. Aqui, Akira conseguiu encontrar o quinto ponto para a RESET, que mais tarde acabou a metade à frente pela margem mínima.

Na troca de lado, a RESET conseguiu continuar a sua subida ao ganhar as primeiras duas rondas. Akira venceu uma situação 1v2 para aumentar a vantagem da RESET para 10-5. Uma pausa da Arroz não afetou os homens de k0mpa, que alcançaram map point 12-6.

“Jogámos com aquela composição de duplo duelista, o que acho que peca um bocadinho do nosso playstyle”, confessou Bati. “Se não metes rondas a atacar, vais defender e vais estar lixado. E nós demos muito throw a atacar. Houve duas rondas em que o GENETIC não jogou bem, perdemos um clutch. Estávamos a perder os after plants.”

Ainda que a perder por seis, a Arroz não descruzou os braços e começaram a sua remontada. Sem poder cometer erros por estarem à porta da derrota, a Arroz voltou a entrar no jogo. Um Ace de DaviH deu à sua equipa o nono e décimo pontos, mas a RESET conseguiu travar os seus adversários. Com o 13-10 assegurado, a série seguiu para o quinto e último mapa: Icebox.

No entanto, essa remontada nunca preocupou a RESET.

“A partir do momento em que nós estamos 12-6, nós sabíamos que só faltava aquele ponto final para capitalizar e irmos para o quinto mapa. Metemos uma pausa, metemos gelo porque eles estavam a voltar muito fortes para o jogo”, referiu k0mpa.

Akira teve um mapa fenomenal, terminando o Breeze com um KDA de 2.41, contando ainda com 87% de KAST no Sova. nasK, ainda que não seja a Jett de eleição da sua equipa, conseguiu abrir oito rondas, sendo o primeiro a morrer apenas três vezes.

O Icebox clínico da RESET

As decisões foram todas dar ao gélido Icebox. Foi a terceira vez que estas equipas se enfrentaram neste mapa: na primeira, a RESET ganhou 13-10; na segunda, a Arroz ganhou 13-11.

No Icebox, foi a RESET a estabelecer uma vantagem 4-1 inicial, empurrada por um 3K/4K de silenttt. A Arroz conseguiu encolher a diferença e empatar o jogo, mas várias jogadas-chave da RESET puseram-nos à frente. Akira e silenttt meteram clutches seguidas para o 6-4, enquanto k0mpa eliminou três e a equipa fechou a metade 8-4.

O ímpeto da RESET não foi interrompido na metade defensiva: um 2v4 por parte de k0mpa e Miguel “mengas” Rodrigues desencadeou uma série de rondas que levou a RESET à vitória 13-5 e ao troféu da primeira VCE Cup do ano.

“Acho que cansaço e nervosismo, 100%. Estamos aqui há horas”, disse Bati. “Não sei, o Tomás também não estava com muita confiança. O David disse que lhe estava a custar dar entries… A composição deles também é forte contra a nossa… Eles mereceram, a realidade é essa. Acho que devíamos ter acabado o jogo 3-0.”

Como k0mpa afirmou no palco, a RESET quis mais a vitória.

“Notou-se no jogo, notou-se em todas as decisões que a equipa tomou. Nunca tivemos a correr atrás do jogo, eles estiveram sempre a correr atrás de nós. Eu acho que fomos muito superiores a eles no Icebox e é isso.”

A vitória no Icebox foi principalmente potenciada por silenttt. Depois de um primeiro mapa azarado no Chamber, o jogador voltou a selecionar o sentinela francês e registou um KD fenomenal de 3.28 e um diferencial de +16, com 83% KAST e 229 ADR.

“Eles são uma grande equipa. Eu acho que podia ter caído literalmente para ambos os lados. Eu acho que foram cinco mapas bem pegados”, disse k0mpa. “Claro que eu acho que o Haven e este Icebox… por exemplo, no Haven eles foram muito superiores a nós e acho que no Icebox fomos muito superiores a eles. Eles estiveram muito bem e também podiam ter saído daqui com a taça na mão.”

“Fomos felizes hoje, fomos felizes. Não nos deixámos ir abaixo a perder 2-1 em mapas num Bo5 e fomos buscar forças onde… eu acho que muito pessoal se calhar não acreditava, nós fomos buscá-las mesmo e conseguimos sair daqui com o objetivo cumprido.”

Para além de um título, a felicidade jaz também na rendição. Para k0mpa, nasK e silenttt, a vitória em Lisboa é o alcançar de algo que lhes escapou em Aveiro do ano passado: um troféu.

“É um ar fresco. Estávamos a precisar de uma vitória, de ganhar uma LAN”, reforçou k0mpa. “Tínhamos perdido a MagicShot contra os SAW e isto é um ar fresco para a equipa toda, para não baixar os braços e continuar para a frente, para tentarmos ir buscar o VCE, também é uma competição bastante importante. Vamos dar o nosso máximo, jornada a jornada, sempre com os pés no chão. Estou muito contente com toda a performance da equipa.”

Para Bati, é um bom sinal para a sua equipa. O IGL da equipa gostou do jogo e nível que a equipa demonstrou, mostrando ontem que com tempo a equipa provar-se-á.

“É dar tempo ao tempo.”

O VCE volta na próxima terça-feira, jogando a sua quinta jornada no dia 24 de maio a partir das 20h00. A RESET vai abrir a noite contra a GTZ Bulls.