A SAW entrou a ganhar na ESL Masters España XII e ainda se vai estrear na décima temporada da Master League Portugal (MLP). O FRAGlíder conversou com João “story” Vieira, AWPer dos warriors, sobre as duas competições, mas também tudo o que resto que se avizinha no calendário da equipa.

(Nota: Entrevista realizada a 16 de setembro de 2022)

FRAGlíder: A MLP e a ESL Masters são duas competições que na última temporada acabaram por não correr de feição à SAW. Recuperar esses troféus é um objetivo claro vosso para a segunda metade do ano?

story: Eu acho que sim. Todas as competições em que entramos, são para ganhar. E quando se fala da ESL, que os SAW nunca ganharam, a vontade é sempre extra.

Já tens os grupos de ambas as competições. Que análise também fazes aos adversários nestas primeiras fases dos torneios?

Eu acho que a equipa da Fourteen está muito melhor do que na época anterior e provavelmente vai causar-nos problemas se não entrarmos a 100%. Os Case, sinceramente, não conheço muito bem. A Gravity 0 é uma equipa chata, que ainda agora tirou um mapa aos Sprout na FiReLEAGUE. Temos que estar sempre alerta, que hoje em dia o CS está demasiado competitivo para entrarmos off.

Na MLP, os UnDeRdOgS são uma equipa quase mix. Vai ser aquele estilo que não estamos muito habituados, mas é o que é. Depois, Fourteen é o mesmo: acho que melhoraram muito e vão continuar a melhorar. Sobre os Velox, não tenho visto mesmo nada, mas têm lá o shr que é “baludo” e é preciso ter cuidado.

Com a FTW, sobretudo, a passar por uma reestruturação, sentem um peso extra em serem favoritos para vencer a MLP?

Acho que a partir do momento que fazemos parte dos SAW, temos que ter na cabeça que é para ser número um. Não sinto isso como um peso, mas mais como uma obrigação. É a realidade. Uma equipa que dominou durante dois anos, os próximos que cá vêm têm que fazer igual.

Vocês entram agora numa fase de calendário apertado. Onde está o vosso foco principal nesta altura, com MLP, ESL Masters, RMR e outras competições que têm jogado?

Está semana a semana. Esta semana começamos a ESL e temos que entrar com tudo para não nos desleixarmos e depois andarmos nas lower e a arriscar onde não é preciso. Depois vem o RMR, que é um claro objetivo para toda a gente na equipa. Mas é como já tínhamos dito, também não é o fim do Mundo se correr mal.

Como é que vocês gerem este calendário apertado? Onde é que se arranja tempo para treinar, corrigir coisas, introduzir coisas novas?

O pessoal fica sempre até tarde no TeamSpeak, portanto fica mais fácil essa parte do corrigir. Às vezes, o problema é por em prática. Se for dia de oficiais, estraga-se logo um dia de treino. Às vezes não dá para corrigir na prática, mas ao falar já se fica com uma ideia. Gerir eu deixo para o Bruno [Marinhas, o manager da equipa] e para o arki, que eles é que tratam bem disso.

E como é que vocês se sentem nesta fase?

Toda a gente se sente muito confortável e confiante no nosso jogo. Claro que isso se deve ao trabalho de cada um. Toda a gente está a meter muitas horas. É impossível neste momento não estarmos confiantes, quando já cumprimos um dos principais objetivos da época, que era a passagem ao RMR. Agora é dar continuidade e tudo vai correr bem.

Ainda bem que falas em objetivos. Vocês acabaram por não se conseguir manter na ESL Challenger, vão ter que jogar as relegations. Era também um objetivo que tinham?

Os BO3 foram, acima de tudo, uma aprendizagem que tivemos em certos mapas, principalmente no Dust2. O formato é um pouco injusto, porque basicamente apanhas um grupo complicado como o nosso, com duas equipas complicadas que defrontámos, e em dois BO3 estás fora. Claro que o resultado não foi positivo, mas de forma geral, acho que saímos com coisas muito boas desses BO3.

Como é que sentes a equipa também em termos de map pool? Como é que a equipa tem evoluído nesse sentido?

Sente-se uma evolução, mas é a tal questão: mete-se um mapa bom e outro vai caindo. Temos que encontrar um equilíbrio nisso e, quando o conseguirmos, vamos ser uma equipa muito difícil de bater. É esse o objetivo que temos neste momento, conseguir ter os mapas todos ao mesmo nível. É uma tarefa super difícil, mas temos que tentar.

Queria falar aqui um pouco do RMR. Vocês andaram sempre perto do apuramento, mas só na última é que conseguiram. Sentiram algum tipo de pressão extra por ser a última chance?

Nós continuámos sempre confiantes. Nunca houve pressão de ninguém. Todos sabíamos que, se não conseguíssemos, não era o fim do Mundo, mas claro que na cabeça de cada um, tínhamos que passar. Nós fazíamos bons primeiros dias, mas depois levámos 16-1 de AGO, perdemos 22-20 com 1WIN e 16-14 com 1PIN. Falhámos em muita coisa, mas que também nos ajudou a corrigir e que no futuro nos vai ajudar.

Outro qualificador que jogaram foi o da FiReLEAGUE e estiveram muito perto de chegar à fase final. Foi uma derrota dura de digerir?

No momento é sempre muito difícil de engolir uma derrota assim, principalmente porque nos estávamos a sentir muito bem a jogar. São situações que acontecem e só dependemos de nós para que não aconteça mais.

Em termos individuais, como tem sido a tua adaptação a jogar de forma mais frequente em competições internacionais? No fundo, a adaptação a um nível que, podendo não ser novo para ti, acaba por ser novo no sentido da maior regularidade.

Acho que estava a ser mais estranho no início. Já estive cá uma vez, mas mudo para a FTW e volto ao sistema de Portugal. A consistência de estares a jogar contra estas equipas é complicado. Tenho-me conseguido aperceber e melhorar no meu jogo, porque jogam todos de forma tão diferente que tu, às vezes, entras no jogo e pensas ‘o que é eles estão a fazer?’. Mas é esta a realidade do tier 2 e temos que nos habituar e lutar contra isso.

Sentes também que a SAW está mais perto nesta altura de atingir o seu pico de forma?

Acho que, como equipa, estamos muito perto de atingir um nível extremamente alto. Mas estamos a cometer alguns erros individuais, que nos custam muitas rondas. Quando isso desaparecer, vamos explodir tanto no ranking como em todos os torneios que jogamos. Faz parte da evolução e temos que trabalhar para isso.

 

A SAW estreou-se na ESL Masters España XII com uma vitória sobre a Gravity 0 e está a um triunfo de garantir o acesso aos play-offs. Na MLP, o primeiro embate dos warriors é frente à Byteway.