O jogador dos Eyeshield, Fábio "BuJ" Ferreira esteve presente no BEST em Bilbau para dar uma ajuda à equipa dos Defining Stars na qualidade de standin. Tendo alcançado o seu objectivo principal, a equipa acabou por ficar pelo caminho no segundo dia da competição após realizar apenas um jogo.

Nesta entrevista, o portal do Fraglíder aborda a atitude dos x6tence, o futuro do jogador entre outras questões como a experiência do jogador enquanto esteve em Espanha e também o impacto que a Iberian Pro League pode vir a ter numa possível comunidade Ibérica.


No nosso país, só os YNG Sharks e parcialmente os Alientech conseguiriam fazer algo do género acontecer, ainda é esta a realidade em Portugal.


Fraglíder: Este torneio de Bilbau representa para ti um regresso a Espanha após teres sido convidado para jogar no Verão passado pelos WildGaming onde tiveste como companheiro de equipa o renatoohaxx. Já com alguns meses volvidos desde que regressaste a Portugal, qual consideras ser para já a diferença vital entre a scene Portuguesa e a Espanhola? É uma questão de investimento, de dedicação ou do profissionalismo do sector em ambos os Países?

BuJ: Em relação à última questão, o investimento feito em Espanha nas equipas é muito maior o que leva a que os jogadores também tenham um compromisso mais forte para com o jogo e penso que foi por causa disso que Espanha evoluiu tanto neste último ano. A scene Portuguesa sempre foi melhor que a Espanhola mas viu-se um crescimento muito grande neste último ano devido ao investimento realizado, havendo já muitos jogadores profissionais lá. Parece que não mas já existem equipas a viver em Espanha do Counter-Strike: Global Offensive como acontece no circuito profissional internacional, valores que deixam equipas a jogar a tempo inteiro – algo que não acontece em Portugal. No nosso país, só os YNG Sharks e parcialmente os Alientech conseguiriam fazer algo do género acontecer, ainda é esta a realidade em Portugal.

O tempo que joguei nos WildGaming, cerca de dois meses, foi bom mas eu ainda não estava muito à vontade com a comunicação e não só – mas sem dúvida que a comunicação foi a maior razão para eu ter abandonado o projecto. Não me estava a sentir muito bem, não estava a jogar nas posições que gostava e como tal decidi deixar o projecto ainda antes da equipa acabar.

Fraglíder: Quando questionado sobre a sua experiência em Espanha, isto já no Famalicão Extreme Gaming, o Renato que era teu colega de equipa na altura fez um balanço neutro sobre a experiencia, destacando pontos positivos e negativos. Tu aqui já apontaste para ti alguns negativos como a comunicação, no entanto o Renato disse que jogar nos WildGaming foi uma boa oportunidade para ele e que lá evoluiu bastante o seu jogo. Partilhas da opinião? Apesar de serem apenas dois meses, ajudaram-te a crescer enquanto jogador?

BuJ: Sim, partilho da opinião do Renato. Eu acho que em todas as equipas é sempre produtivo, dá sempre para evoluir. Mesmo agora com os Eyeshield, apesar de secalhar estarmos a um nível mais baixo, obriga um jogador a treinar diariamente e existe sempre margem para evoluir. É lógico que gostei de ter jogado lá, gostei da experiência e acho que fiquei lá com alguns amigos mas não deixa de ser apenas isso, uma experiência.

 


Foi uma falta de respeito para conosco, para com a organização e para com a comunidade Espanhola também.


Fraglíder: Foquemos agora naquilo que foi o torneio de Bilbau. Tu foste convidado para participar enquanto standin da equipa Defining Stars, tendo tido um primeiro dia tranquilo em que alcançaram o vosso objectivo. Mesmo sem ter grande coisa preparada, vocês garantiram a presença na fase de grupos fechada – como foi a experiência de jogar neste recinto no primeiro dia da competição?

BuJ: A nossa preparação foi quase nula, viemos como uma mix practicamente. Claro que o principal objectivo era alcançar a próxima fase de grupos, depois disso era ver o que conseguíamos fazer, se calhávamos num grupo acessível para tentar o acesso aos Playoffs. Não foi o caso, a nossa sorte ditou que iríamos encontrar duas equipas fortes, uma acabamos por nem jogar com ela. O nosso grupo do primeiro dia era bastante acessível, ficamos com duas equipas que eu não conheço os lineups sequer e com os gBots.

Acho que frente aos gBots podíamos ter feito bem melhor mas o facto de estarmos de direta porque chegamos a Espanha muito tarde e tivemos de "acordar" muito cedo, o pessoal mal se tinha deitado também acabou por pesar no nosso desempenho nos jogos. Isso prejudicou-nos muito, estávamos extremamente cansados. Como disse, no jogo contra os gBots poderíamos ter feito muito melhor, perdemos os dois pistols mais dois ecos – quando se perde os dois pistols é logo complicado tentar ganhar o jogo, ainda para mais com dois ecos em que não conseguimos dar resposta. Foi um 16-11, logo num mapa em que eu e o PNR nao jogamos que é overpass – estávamos a jogar os dois juntos no B, logo por aí podia ter corrido melhor a defesa do bombsite, mas mesmo a atacar ficamos algo perdidos, ficando no entanto contentes com a nossa prestação.

Fraglíder: Um formato algo ingrato no dia 2 obrigou-vos a vir cá practicamente realizar um jogo, perder contra os YNG Sharks e ficar já à partida algo condicionados no que diz respeito ao apuramento para os Playoffs. A equipa dos x6tence acabou por seguir o mesmo caminho, perdendo para a equipa do nak e nem sequer se dignaram a fazer o jogo que seria para cumprir calendário contra vocês. O que achaste dessa decisão? Vocês queriam defrontar os x6tence? Achas que é uma falta de respeito por parte dos Espanhóis ter-vos dado a vitória por default, revelando algum desinteresse?

BuJ: Sim. Eu acho que foi uma falta de respeito para conosco, para com a organização e para com a comunidade Espanhola também. Nós queríamos jogar o jogo, falamos com os admins mas eles disseram que em relação a isso não poderiam fazer nada, que até falaram sobre a possibilidade da equipa ser banida das ligas deles. Nós estamos aqui, viemos a Espanha para jogar – chegamos ao dia 2 com um grupo difícil e sendo eles uma equipa convidada, ainda por cima, acho que é uma falta de respeito. Vieram aqui só jogar um jogo, já tinham o seu dinheiro garantido e abandonaram, acho que não faz qualquer sentido.

 


Já tive algumas propostas entretanto – algumas já rejeitei, fiquei de falar de outras mas neste momento sou dos Eyeshield.

Fraglíder
: Tocando agora num outro tema que até acaba por não ter certa abordagem a nível de entrevistas. Qual achas que está a ser para já o impacto da Iberian Pro League em relação a uma possível scene Ibérica no futuro? Achas que cria coesão entre os jogadores Portugueses e Espanhóis para abrir portas à criação de mais lineups mistos no futuro ou a rivalidade Portugal-Espanha ainda está bastante assente nessas PUGs?

BuJ: Eu pessoalmente não jogo a Iberian Pro League. Fiz poucos jogos, uns 3 ou 4 se não estou em erro mas sim, estou de acordo com aquilo que vocês estão a dizer e acho que isso pode criar laços, mesmo de amizade e dá para jogar muitas vezes Portugueses com Espanhóis. Eu já vi e tenho conhecimento disso, acabam por se conhecer uns aos outros e dá azo à formação de mais equipas nesse sentido no futuro. Acho que fazem bem em jogar a Iberian Pro League, eu não jogo porque sinceramente prefiro jogar mais com os meus amigos mas é só por isso, não tenho nada contra o projecto.

Fraglíder: Pensamentos finais. Neste momento estás a jogar com os Eyeshield, vocês estiveram bastante próximos de garantir o apuramento para a Final Four da Superliga, foi por um ponto que não conseguiram jogar em Penafiel. Objectivos teus pessoais para o futuro, não tanto como equipa mas mais do género – O que traz o ano de 2018? O que podemos esperar do BUJ?

BuJ: É verdade, não passamos para a Final Four por um ponto. Quando a Superliga começou eu não fazia parte desta equipa sequer – cheguei a ringar por eles, mas a equipa viu uns 5 ou 6 standins serem utilizados para além de mim. Todos os jogadores da equipa trabalham, tem horários rotativos e é difícil estar sempre os 5 presentes em todos os jogos. Quanto ao meu futuro, ainda não sei – não sei mesmo. Eu já falei com os Eyeshield, já tive algumas propostas entretanto – algumas já rejeitei, fiquei de falar de outras mas neste momento sou dos Eyeshield, estou com eles. São meus amigos e o futuro só Deus sabe, vamos ver.