Rub3nix: “Não existe equipa nem jogador que me faça tremer”

O Fraglíder esteve presente na jornada inaugural da segunda temporada da Master League Portugal no Cine Teatro Avenida de Castelo Branco para acompanhar o arranque da Liga e trazer até aos nossos seguidores resultados, fotos e também entrevistas feitas com jogadores de várias equipas.

Na sequência da derrota dos Electronik Generation às mãos dos K1CK eSports Club por 2-0 no jogo disputado à melhor de dois mapas, o Hugo "kzc" Pereira esteve à conversa com o jogador Ruben "Rub3nix" Santos para abordar o nível da competição nesta segunda temporada da Liga, os problemas de liderança com que os EGN se depararam na preparação para a nova temporada bem como o formato que vemos repetido no Famalicão Extreme Gaming 2018 e a sua importância para as equipas nacionais.

Fraglíder: Os EGN chegam a Castelo Branco com uma herança pesada da temporada passada, onde atingiram a Final Four desta Liga ainda que não fizesses parte do roster. Do que tens visto durante o dia de hoje, como está a competição para esta temporada? Acreditas que conseguem repetir o mesmo feito da temporada passada?

Rub3nix: Acreditar, acredito sempre. Não há nada que eu tenha a temer, não existe equipa nem jogador que me faça tremer, nem a mim nem à minha equipa. Isto é tudo a nível de confiança entre nós, temos de trabalhar para ficar mais fortes porque esta Liga também se tornou mais forte e com equipas melhores como por exemplo os K1CK; este lineup dos K1CK na temporada passada não entrou também, ficaram de fora e agora entraram eles e já não temos os exotic que eram uma equipa mais "fraca". A competição está muito alta e temos de elevar o nosso nível de jogo, é a realidade que temos de o fazer e subir muito mais do que aquilo que temos agora.

Fraglíder: Só recentemente tiveram um lineup dos EGN completo, com a vossa pré temporada a estar repleta de problemas a nível de liderança. Numa procura incessante por um In Game Leader, começaram a treinar com o Born, passaram pelo HIDDENj e acabaram por fechar o lineup com o SCRM e o fakes2. Fala-nos um bocado dos problemas que tinham a nível de liderança, já conseguiram estabilizar a mesma? Com o regresso do SCRM à posição que desempenhou na temporada passada esses problemas desapareceram ou ainda é algo que necessita de trabalho?

Rub3nix: Isto foi uma montanha russa de acontecimentos – primeiro falamos em voltar eu a dar táticas, algo que não acontece há cinco ou seis anos, já nem sei. Falamos disso ao início quando fomos a Espanha e chegamos à final com os Sharks, fui eu quem esteve a dar as táticas mas lá está, isso era uma mix, é algo diferente, uma coisa mais "javardice". Acabamos por nos coordenar bem, correu bem e falou-se nisso mas quiseram libertar-me desse cargo para estar a acertar mais nas cabeças, passei a entry fragger. Falamos com o Born, ele entrou e todo esse tempo entre Born, HIDDENj e até agora ao SCRM se formos a ver, foi tempo perdido.

Estivemos a trabalhar x coisas com o Born, depois quando chegou o HIDDENj ele dizia "não vamos fazer isso, vamos fazer isto". Tivemos sempre de dar reset mentalmente para apagar tudo o que foi treinado e preparar para receber coisas novas, agora com o SCRM foi só um bocado mais fácil porque também temos muitas coisas que já tinham sido usadas antes, é um bocado por aí. Mas sim, ainda estamos a estabilizar, as pessoas não podem pensar que tiveram um Verão todo para treinar quando o CS esteve parado, outros tiveram isso, nós não. Foi necessário estar sempre a aprender coisas novas, testar coisas novas, não resultava e troca, troca de IGL, troca outra vez e agora vamos no terceiro IGL, lá está é uma montanha russa de acontecimentos que agora está a pesar nestes jogos mais renhidos, esses pequenos erros ganham jogos. Hoje os K1CK foram mais felizes e temos de trabalhar mais, é apenas isso.

Fraglíder: Entrando agora pelo jogo que estavas a referir, a vossa estreia aqui não é feita da maneira que desejavam e termina com uma derrota na Liga. Diante de uma equipa nada fácil, acabaram por perder 2-0 com os K1CK com um resultado mais apertado na vossa escolha de mapa. Falando na montanha russa, este jogo ficou ditado por esses acontecimentos? Acreditas que com mais um bocado de tempo, tinham dividido pontos ou até conquistado a totalidade dos mesmos?

Rub3nix: Sinceramente acho mesmo que sim, porque deu para ver que o nosso problema foi mesmo o T side nos dois mapas. Nós a CT ainda dava para fazer ali uma gracinha, safar uma ronda ou outra mas no T estava mesmo… é falta de treino. É preciso fazer muito mais no T side, especialmente da nossa parte.

Fraglíder: Mesmo com estes problemas, a vossa equipa consegue ainda assim qualificar-se para uma LAN e repete a presença do ano passado onde os EGN alcançaram as meias finais. Falamos do Famalicão Extreme Gaming que conta com 8 equipas muito boas apesar das ausências notórias de K1CK e Giants. Como achas que esse torneio se vai desenrolar? Vai ser muito jogado na bala e nível individual? Quais os teus prognósticos?

Rub3nix: Muito antistrat (risos). Vai ser uma coisa mais antistrat do que na bala mas isso sou eu a pensar já de alto no que vai ser, e penso que vai ser mesmo isso. Em relação a nós, é dar no duro – temos de aproveitar este tempinho agora que temos para rever o que correu mal, o que correu bem, o que podemos continuar a usar, o que temos mesmo de tirar porque há coisas que nós fizemos que não cabe na cabeça de ninguém, estávamos a fazer muitos duelos 1vs1 desnecessários e sinceramente acho que esse torneio vai ser muito bom para nós para chegar e mostrar que estamos a melhorar.

Ainda há bocado estávamos a falar disso, o BLOODZ falou nisso e foi precisamente "Ainda bem que há uma LAN daqui a pouco tempo", para realmente mostrarmos e batermos o pé que estamos cá e poder dizer que melhoramos nestes aspectos todos e que já não somos a equipa que eramos antes.

Fraglíder: Muito se fala do torneio de Famalicão fugir ao tradicional formato do CS:GO da Final Four ou mesmo Final apenas como vimos no Rock in Rio Lisboa. Recuperando um bocado o formato de outros tempos que víamos com mais abundância no 1.6, vemos esta aposta em LAN com a presença de mais equipas onde se vive um ambiente completamente diferente. Achas que é este o caminho a seguir em Portugal? Ter mais equipas em LAN para elas evoluírem, poder ter a oportunidade de competir com os melhores sem ser online?

Rub3nix: Isso é sempre importante. Nem que seja um bootcamp, uma LAN é extremamente importante para uma equipa, especialmente para os underdogs. Os jogos serem na LAN é muito melhor do que ser online, claro que tu vais estar com garra a jogar contra as grandes equipas mas muito provavelmente é disso que estás a precisar para te libertar mais, para não jogares tão preso e pensares "ah, eles são muito bons e não sei quê". Não, tu chegas à LAN e queres é gritar com eles, é mesmo assim e faz muita falta. Relativamente ao formato, eu gosto que torneios tenham formatos diferentes para não ser sempre arroz, que num o teu objectivo seja passar os grupos e no outro tens de qualificar, Final Four, meia final, etc…

Gosto dos dois formatos, o meu formato preferido sinceramente é o formato com modo Lurppis (GSL) mas gosto que hajam mais, sempre diferentes para não se tornar cansativo também para os jogadores porque parece que não, mas tens de pensar nos jogos de maneira diferente muitas vezes. Em certo torneio estás 1-1 e já estás a pensar que mediante o resultado, vais apanhar x equipa, é completamente diferente quando há grupos. Eu gosto do formato de Famalicão, é muito bem feito, meteram OFFSET que é claramente a equipa acima de todas neste momento para um lado, YNG Sharks para o outro e tudo o resto random, foi bem feito o planeamento, de resto não tenho mais nada a dizer.

Fraglíder: Tens algum pensamento ou palavras finais que queiras deixar para quem te segue ou alguém em especial?

Rub3nix: Queria agradecer à minha namorada por todo o apoio que me tem dado em casa, para vir para os torneios, em todo o lado practicamente, a Rita tem sido cinco estrelas. Quero agradecer à minha equipa pela oportunidade que me estão a dar neste momento, criamos esta equipa e temos fé naquilo que estamos a fazer e é com calma, não somos pessoas com muita pressa, com calma se chega lá. Sempre foi assim desde os Alientech, nós não temos pressa para chegar ao topo mas queremos lá chegar. Por último, só queria mesmo agradecer aos EGN, Peteros, toda a gente dos EGN e a ti por esta entrevista.

Fraglíder: Muito obrigado Ruben, voltamos a ver-nos em Famalicão.