Muita tinta tem corrido pelas redes sociais sobre o futuro do cenário português de VALORANT.

Dentro dos critérios divulgados Riot, no vídeo de apresentação do circuito da região EMEA, ficou claro que Portugal não iria receber uma liga regional (VRL). O cenário nacional acabou por ser inserido na VRL Spain Rising, junto de Espanha e Itália.

Portugueses e italianos pouco interessam à LVP

Segundo o que o FRAGlíder conseguiu apurar, aliás, os responsáveis da Riot consideraram que Portugal não tinha capacidade para ter um circuito profissional. Nesse sentido, e ao que parece, o circuito português basear-se-á numa liga amadora a ser anunciada.

Aquando do anúncio, a LVP – organizadora da competição – anunciou que a liga seria composta por 10 equipas, no entanto 9 delas seriam por convite direto e a última será uma vaga atribuída ao vencedor do qualificador fechado. A informação que chegou à redação do FRAGlíder apontava que nenhuma das equipas convidadas para a prova seria portuguesa ou italiana, sendo elas, para já:

Movistar Riders KOI Squad
Giants UCAM
Queso Case

Não se pode negar a força do cenário espanhol e a sua dedicação ao jogo desde o seu lançamento. No entanto, mesmo que Portugal e Itália não tenham o mesmo peso que Espanha, atribuir 90% das vagas a organizações espanholas estrangula ainda mais dois cenários.

Lucas Rojo, o novo treinador da Movistar Riders, fala disso mesmo. "É injusto para Portugal e Itália", diz Rojo, e acrescenta: "Há 9 equipas convidadas e resta uma vaga, que provavelmente vai para quem tiver mais dinheiro e conseguir os melhores jogadores."

Dentro do regulamento da VRL Spain existe uma regra que obriga as equipas a apresentarem um lineup com dois jogadores da região. À primeira vista, esta regra pode parecer como uma valorização do cenário, mas Lucas Rojo desmistificou rapidamente a questão: “Como a maioria das organizações convidadas são espanholas, eu asseguro-vos que vão dar prioridade aos jogadores espanhóis para conseguirem construir as melhores histórias para a sua fanbase.” A regra 1.2.1 do regulamento diz que cada equipa é obrigada a entrar em jogo com dois jogadores locais, ou seja, da região.

2022 apresenta-se como mais uma travessia no deserto

O que resta aos jogadores portugueses? Bem, de acordo com o esquemático apresentado pela Riot, para chegar ao VALORANT Champions Tour as equipas portuguesas terão apenas acesso pelos qualificadores abertos do Stage 1 – e isto porque o torneio de promoção para o Stage 2 será feito com os últimos classificados do Stage 1 e os vencedores das Ligas Regionais.

Olhando para o que se passou em 2021, ser eliminado nos qualificadores abertos é algo bastante provável de acontecer, sobrando apenas as competições nacionais.

Até à data da publicação, ainda não foi anunciado qualquer circuito português. No entanto, o único carimbo que pode levar é de “VALORANT Regional Circuit” – a denominação da Riot para Circuitos Amadores.

Portanto, o próximo ano apresenta-se como mais uma longa travessia no deserto para os portugueses.

Assim, mais perguntas se levantam: que organizações serão capazes de aguentar, financeiramente, um projeto que está sentenciado a jogar num circuito amador? Baixar o valor de salários será uma das soluções, mas fechar mais a torneira implica que os jogadores procurem outro tipo de soluções, dentro e fora do jogo, para se sustentar.

Tudo vai depender da comunidade

De acordo com Alexandre "SanAlex" Simões, há a possibilidade de uma VRL chegar a Portugal, sendo necessário que a comunidade justifique tal aposta da produtora. Como foi dito anteriormente, Portugal deve receber um circuito amador, tal como a Itália, mas a Riot pode reconsiderar a homologação.

Número de espectadores, jogadores e até o ranking médio dos portugueses são, de acordo com o manager da SAW, os pontos chave que a Riot avalia nas suas competições. Uma boa performance por parte da comunidade pode levar a que o circuito seja promovido a VRL.

A longo prazo a situação portuguesa não está perdida, mas é necessário que a comunidade cresça aos olhos da Riot para, eventualmente, receber o sinal verde por parte da produtora do VALORANT.