Muitas vezes dou por mim no irc a encontrar coisas do género: [random] clã nãoseiquê necessita de manager; [random1] clã nãoseiquemais needs sponsor.
Ora bem, toda a gente fala da tão chamada profissionalização dos desportos electrónicos, mas esquecem-se que este é um pau de dois bicos: quem quer ser profissional neste mundo tem de ser comportar como tal antes de exigir ser tratado como tal.
Os eventuais patrocinadores não são burros e todos procuram aquilo que uma empresa quer: o lucro. De tal modo, não partem para aventuras, não querem perder dinheiro ou ver a sua imagem na lama. Como tal, para uma equipa ‘menor’ partir para mais ousadas aventuras, são necessárias várias coisas: talento, cabeça e tempo. Roma não se fez num dia e muitos clãs partiram do nada e com tempo e cabeça, conseguiram-se grandes coisas. São raros estes casos em Portugal no que toca à cena do Counter-Strike, mas eles existem. É o caso dos excello, que pouco a pouco, com cabeça e dedicação, conseguiram evoluir e tornaram-se numa boa organização com excelentes resultados em jogos tão distintos desde FIFA a Quake. É por isso que, se calhar, vêm os excello com patrocinadores como a SteelSeries ou a jogosGomes. É como que um prémio pelo seu empenho e o resultado de uma organização estável, na qual os eventuais patrocinadores podem confiar, mesmo sem a sua equipa de Counter-Strike, o jogo que atrai uma grande quantidade de jovens e não só, ser sequer uma das melhores do país. Agora não venham dizer que têm patrocínio de empresas de ‘shells’ (bncs, etc). Alguma vez uma bnc alimenta alguém ou favorece em alguma coisa o jogo de uma equipa ou de um jogador? Sempre que me oferecem uma bnc eu digo: ‘Não obrigado, não gosto e acho que não faz falta‘. E raramente faz, a meu ver.
A nível de organização, para que é que uma equipa digamos medíocre de um país medíocre necessita de um manager ou sequer de um jornalista (newscrew)? Para escrever notícias para 10 users diários? Um manager tem que tomar conta de um clã nos seus variados componentes, e será que não há ninguém com cabeça de entre os jogadores que o possa fazer? Muitas vezes acabam por aceitar alguém que não conhecem e que ou faz porcaria, ou não faz nada, o que ainda vai revelar mais a instabilidade do clã em si. É necessário, a meu ver, com uma pequena quantidade de pessoas, conseguir bons feitos e nisso temos o exemplo dos eNkor e dos osmotic. No início, os enKor eram uma equipa baseada na amizade dos seus jogadores. Contudo, a pouco e pouco, os eNkor foram subindo e subindo, até que chegaram ao que são hoje, uma das melhores equipas e uma das poucas que ainda tem uma grande margem de progressão.. Quanto aos osmotic, com poucos recursos e uma equipa unida, conseguiram ascender rapidamente na cena portuguesa e hoje em dia já têm a sua própria gaming house e já planeiam coisas grandes.
Outra coisa que muito se fala são as chamadas divisões. Vemos muitas vezes ‘enormes’ organizações com cerca de 5 ou mais divisões. Contudo, observamos que algumas destas divisões são de jogos praticamente desconhecidos e que não irão, aos olhos dos patrocinadores, contribuir para um patrocínio. É necessário sim, ir evoluindo a pouco e pouco e albergar novas divisões se se justificar e se houver sempre um bom relacionamento entre ambas as partes.
O que com este texto todo quis mostrar foi que, a meu ver, para haver a chamada profissionalização dos desportos electrónicos, é necessário que a própria profissionalização passe pelos principais actores – os jogadores e as equipas. Como tal, para a maioria das equipas de média dimensão ascender a um nível mais elevado, é necessário tranquilidade, cabeça e dedicação. Porque os SK, NiP, fnatic e afins não se fizeram num dia e só existem porque houve muita gente que decidiu pensar primeiro e agir depois. Em Portugal só existe, a meu ver, três organizações dignas desse nome: 5Giants, k1ck e excello. As outras, são as outras. Quanto a exotic ou eNkor, os primeiros pela sua falta de estabilidade e resultados abaixo das expectativas em Portugal e os segundos pela sua recente mas ascendente progressão, caminham para lá.
Contudo é preciso cabeça e é preciso ter uma equipa de management capaz de ajudar a dar à equipa aquilo que lhe falta – tranquilidade. Quanto aos jogadores, só é preciso concentrarem-se no principal: JOGAR.