O início de 2023 não tem sido nada fácil para quem trabalha na indústria de esports, uma vez que várias organizações da área estão a ultrapassar problemas financeiros, o que tem aumentado o número de demissões.

FaZe no olho do furacão

Recentemente, três das maiores organizações de Counter-Strike estão a passar por vários problemas financeiros. Uma delas é a FaZe, cujos problemas começaram no início do ano passado. Em julho de 2022, a organização americana entrou na bolsa de valores NASDAQ, após uma fusão com uma empresa de aquisição de propósito especial (SPAC).

Esta fusão inflacionou de forma fictícia o valor da organização no mercado de ações, com a FaZe a estar avaliada em 725 milhões de dólares. Porém, a organização já vinha em perdas antes desta fusão e estava a ficar sem dinheiro. Inicialmente a fusão parecia a atitude mais lógica para a saúde financeira, mas tal não se comprovou.

Isto aconteceu porque a organização optou por abrir capital via SPAC – o que permitiria levantar capital mais rápido e evitar burocracia – ao invés de elaborar a sua própria oferta pública inicial (IPO).

Assim sendo, em agosto de 2022, as ações da FaZe rondavam os 20 dólares, enquanto, em março deste ano, atingiram os 40 cêntimos, aquele que é o valor mais baixo de sempre. Isto prende-se ao facto de que, no final do ano passado, 92% dos acionistas da SPAC decidiram resgatar as ações, quando a empresa abriu o capital. Segundo a Forbes, a FaZe só tem dinheiro suficiente para financiar operações até novembro de 2023.

Notícias recentes sugerem que a organização americana esteja a considerar uma reestruturação, que envolveria tornar a empresa privada. Para isso, teria de remover todas as ações disponíveis do público. Consoante a HLTV.org, para concretizar esta ação, precisariam entre 40 a 60 milhões de dólares, no entanto, recentemente a empresa relatou uma perda de 50 milhões.

Astralis à procura de vender vaga na LEC

Quem também pondera utilizar a mesma estratégia para combater a sua situação financeira é a Astralis. No final do mês de março, a organização dinamarquesa comunicou que o conselho de administração decidiu iniciar uma revisão estratégica relativa ao futuro da empresa. As ações da empresa estão agora a valer 24 cêntimos.

Esta revisão estratégica para tentar salvar o futuro da organização poderá passar por vários planos, como o caso de tentar uma fusão com outra empresa ou emitir novas ações. Recentemente, a Astralis tentou também vender a sua vaga na LEC (competição de League of Legends).

Heroic vive até ao verão

Ainda na Dinamarca, quem também ultrapassa um momento complicado é a Heroic, que tem tido dificuldades para arranjar capital suficiente para se manter em operações. Na última atualização, a organização revelou que optou por emitir novas ações para injetar dinheiro suficiente na empresa, para sobreviver até o verão de 2023.

Numa reunião realizada a semana passada, a Heroic alertou os investidores que necessitaria de 7,5 milhões de dólares para sustentar as operações comerciais até 2025. No mínimo, precisa de cerca de 940 mil dólares, para conseguir aguentar até ao verão deste ano.

Apesar de ter conseguido esse financiamento para manter as operações até ao verão de 2023, as preocupações permanecem, uma vez que a empresa ainda não conseguiu definir uma solução a longo prazo.

Outros casos

Os sucessivos despedimentos têm-se acumulando e desta vez foi a OpTic Gaming, organização americana de esports, que dispensou vários funcionários da empresa. Apesar de não se saber ao certo o número de funcionários que perderam o seu emprego, sabe-se que várias divisões foram afetadas, nomeadamente as equipas de redes sociais e marketing da organização.

Numa publicação partilhada na sua conta de Twitter, Lindsay Caudill, ex-Gerente de marca e Chefe de Marketing da empresa, referiu o seguinte: “Infelizmente, hoje é meu último dia com a OpTic & Dallas Fuel porque fui demitida”.

Conforme o jornalista Jacob Wolf, quem também demitiu vários funcionários, foi a 100 Thieves. A fonte revela que a organização despediu-se de 30 funcionários, também na área do Marketing. Esta vaga de despedimentos na empresa é a segunda em menos de um ano, uma vez que a organização, em julho, já tinha mandado embora mais de uma dúzia de funcionários.

Quem também começou o ano a mandar funcionários para casa foi a Riot Games. A empresa fez grandes cortes no orçamento e isso levou a que 46 pessoas perdessem o seu emprego no mês de janeiro.

Mais recentemente, uma das organizações mais emblemáticas do cenário norte-americano, a Counter Logic Gaming (CLG) prepara-se para dizer adeus ao mundo dos esports. De acordo com o criador de conteúdo Travis Gafford, a empresa detentora da CLG poderá já ter vendido a organização a uma nova gestão

Os tempos não estão nada fáceis para quem trabalha nesta indústria, que cada vez mais tem sido afetada pelo estado da economia. Os despedimentos que começaram ainda no ano passado têm aumentado neste início de ano e a situação não mostra sinais de melhoria, com várias organizações a ultrapassarem dificuldades financeiras.

Nota: Este artigo teve como base o artigo desenvolvido pela HLTV.org.