nukkye: “No que toca ao cenário norte-americano, não sinto que eles sejam um desafio…”

O nosso portal teve oportunidade de colocar algumas questões ao campeão europeu do First Strike, Zygimantas "nukkye" Chmieliauskas.

Os Heretics optaram por criar um projeto europeu com Christian "loWel" Garcia como capitão, desde então a equipa venceu todos os torneios em que participou.

O duelista dos Heretics falou sobre alguns assuntos como a sua transição para o jogo da Riot, o processo de entrada na equipa, a importância das competições ibéricas e o papel preponderante dos elementos da equipa técnica no sucesso da equipa.

Fraglider: Em primeiro lugar, queríamos agradecer o facto de teres aceite responder às nossas perguntas. Tiveste uma breve passagem pelo TF2 e depois passaste para o CS:GO. a representar equipas como The Imperial e HellRaisers, onde até ganhaste uma DreamHack em 2018. Então, começamos por te perguntar – O que te levou a transitar para o VALORANT e quais aspectos do jogo que mais te chamaram a atenção?

Nukkye: Eu gosto que seja um jogo novo e desde o início a Riot preocupa-se muito com ele. Podes ver como eles interagem com as pessoas, tanto ouvem a comunidade como o feedback dos jogadores profissionais. Estas coisas são muito importantes para mim, pois sei que o jogo terá atualizações consistentes e não ficará estagnado como o CS:GO, depois de nos últimos 8 anos ter jogado os mesmos mapas com as mesmas armas o tempo todo. O VALORANT é "refrescante” e sinto que é um ciclo de aprendizagem sem fim.

Fraglider: Antes de te juntares aos Heretics não eras visto como um grande talento na scene, como se deu todo processo? Houve alguma coisa que se destacou na oferta dos Heretics que te fez aceitá-la em vez de outras, se houve alguma?

Nukkye: Bem, tenho de agradecer à minha agência, a Prodigy, e o seu CEO, Jerôme Coupez. Ele disse-me que o loWel estava a criar uma equipa com objetivo de chegar ao Tier 1 e competir com as melhores equipas, então eu mandei uma mensagem para o Christian e tudo começou a partir daí. Eu tive um mês em teste com todos os tipos de agentes sem qualquer experiência (2 semanas de tempo de jogo no total) e no final os Heretics correram o risco e contrataram-me.
 

nukkye acabou por permaner nos Heretics como duelista da equipa.(Foto: HLTV)
 

Fraglider: Houve pouca competição europeia entre a Ignition Series e o First Strike além do GLX Elite, que foi disputado durante a formação da vossa equipa. As competições ibéricas nas quais vocês participaram (LVP Genesis Cup) foram fundamentais para o vosso sucesso e foram também uma ferramenta para resolver alguns problemas no estilo de jogo?

Nukkye: Claro que queríamos ganhar tudo em que nos inscrevemos, mas ao mesmo tempo esses pequenos torneios foram usados como uma forma de corrigir os problemas ou erros que não vimos durante os jogos de treino. Além disso, essas competições foram também importantes para ver o que precisavamos trabalhar em relação à mentalidade e às situações de stress durante os jogos oficiais.

Fraglider: Entre a final da LVP Genesis Viento e o primeiro qualificador para o First Strike, vocês pararam de competir por uma semana e fizeram algumas mudanças com loWel a voltar para a Sage e nieSoW a optar pelo Sova. Quão importante foi conseguir esse tempo para treinar e qual era o nível de confiança, com essas mudanças, antes do First Strike?

Nukkye: Até certo ponto, eu acho que durante essa semana foi bastante stressante, mas ao mesmo tempo eu sempre tive o pensamento que “não importa para qual agente mudarmos, nós vamos dominar porque eu acredito nos jogadores que me rodeiam”, dito isto, acredito que foi uma boa mudança e uma das razões pelas quais jogámos tão bem.
 

Nukkye: Honestamente, quando vi o formato, o facto das outras regiões jogarem BO3 enquanto nós na Europa jogamos BO1 deixou-me furioso e chateado, porque num BO1 se tu ou um colega de equipa cometerem um pequeno erro, o resultado do jogo pode facilmente virar e acabas por perder o jogo. E foi isso que nos aconteceu no BO1 contra os NiP, eles tinham uma equipa sólida e gosto deles como jogadores, mas se fosse um BO3 teríamos vencido sem problemas. Mas, ao mesmo tempo, essa derrota abriu-nos os olhos, expondo alguns pequenos problemas que conseguimos resolver durante aquela semana "vaga" por não termos jogos oficiais, onde treinamos e descobrimos a composição da equipa que levou o loWel de volta a Sage e o niesoW para o Sova.

Fraglider: Ao chegar ao Main Event do First Strike, tinham algum sentimento de serem os underdogs? Sentimos que muitos não vos deram o crédito que mereciam e muitas pessoas certamente esperavam que os Liquid, e mais tarde os G2, vos ultrapassassem e talvez até às finais, mas vocês acabaram por brilhar mais que eles.

Nukkye: Sim, eu senti-me assim mas olhei para esse sentimento de uma forma mais positiva, porque todos os grandes nomes como G2, FPX ou Liquid tinham mais pressão comparado a nós, já que eles eram os favoritos para ganhar a competição e foi o nosso primeiro torneio grande. Quer dizer, eu também nem nos considerei os favoritos porque naquela altura não tínhamos experiência competitiva contra as equipas europeias de topo e só tínhamos jogado torneios Ibéricos, que têm principalmente equipas espanholas, portuguesas e algumas mix teams, portanto todos pensávamos que só podíamos ganhar contra “equipas daquele nível”.
 

Fraglider:Tocando no assunto dos G2 – eram os favoritos claros à entrada para o First Strike, mas todos sabemos o que aconteceu. Agora que eles (e os FPX) estão a sofrer alterações, achas que isto vos pode dar uma vantagem para o VALORANT Champions Tour em 2021, já que mantém o mesmo roster?

Nukkye: É bom para nós, mas ao mesmo tempo acho que enquanto mantiveres 3 ou 4 jogadores não vai afetar assim tanto.

Fraglider:Vocês estão numa boa série de vitórias, tendo ganho todos os torneios a que foram. A vossa equipa está carregada de talento, mas gostávamos de saber mais sobre a importância do Tanishq "Tanizhq" Sabharwal e do Noel Garberi [Performance Coach] em manter a equipa concentrada e com o máximo de desempenho possível.

Nukkye: Adorava que a Riot adicionasse um lugar de espetador para treinadores, o mais rápido possivel, para que o próprio Tanizhq se pudesse sentir mais útil. Ele fez a maioria do anti-strating e do trabalho de casa no que toca ao que os nossos adversários fazem, mas teria adorado tê-lo no servidor connosco a meio do jogo para nos ajudar a perceber algumas das coisas que perdemos ou a que não prestamos atenção. Quanto ao Noel, ele ajudou-nos bastante no que toca à comunicação e aspetos de mentalidade dentro e fora do jogo. Não o teríamos feito sem eles os dois.

Fraglider:Ainda estamos para ver um torneio em LAN internacional de VALORANT, mas a Riot tem exatamente isso planeado para o fim de 2021, com o VALORANT Champions. De onde é que esperam os vossos maiores adversários? A Europa e América do Norte já mandaram bocas um ao outro, mas o cenário Asiático tem estado relativamente calado.

Nukkye: De todos eles, eu quero jogar contra os Vision Strikers. Já vi bastantes jogos, gosto do estilo de jogo pensado que eles praticam e gostava de ver como é que nos dávamos contra eles. No que toca ao cenário norte-americano, não sinto que eles sejam um desafio porque me faz lembrar exatamente o que era o CS:GO norte-americano quando os enfrentava. Parece um jogo público com alguma comunicação e pessoas a correr pelo mapa a fazerem o que lhes apetece.

Fraglíder: Muito obrigado por perderes este tempo connosco e um ótimo 2021!

Nukkye: Obrigado e igualmente!