Também há upsets no desporto tradicional. No futebol nacional, podemos recordar a derrota do FC Porto contra o CD Fátima, num jogo a contar para a Taça de Portugal em 2007. Quatro anos antes, por exemplo, o SL Benfica caiu perante o Gondomar num jogo da quarta eliminatória dessa mesma taça. Já nos esports, desaires deste género também acontecem e, possivelmente, com mais regularidade.

Claro que upsets não se limitam a Counter-Strike, Dota 2 ou League of Legends – choques destes acontecem em qualquer um destes títulos. Olhando para 2020, recordemos o 2-0 que a New England Whalers deu à FURIA, com odds de 10 a favor dos primeiros. Também com odds altíssimas estava a Team Unique quando venceu por 2-0 à Team Secret na ESL One Birmingham de Dota. E como estes há muitos outros casos, claro.

O online acentua esses choques?

Se assim for, como há quem diga que é, então aproveitemos meios como a Betway App. E atenção, não são só os fãs que acreditam nisso. Em entrevista para a HLTV, o alemão Josef "faveN" Baumann afirmou que “o CS online é mais random do que em LAN”. Também para o mesmo site, o bósnio Nemanja "huNter" Kovač confessou que é difícil para a sua G2 manter a consistência no “ambiente online”.

Sim, podemos admitir que o impacto do covid-19, que trouxe uma maior presença da competição online, pode ter acentuado o à vontade que certas equipas têm no servidor. Também podemos acreditar que talvez a vida dessas equipas não fosse tão fácil em LAN. Em 2020, por exemplo, vimos BIG em primeiro lugar do ranking mundial.

Já este ano, vemos a presença de Gambit e Heroic no topo, equipas que contam com jogadores jovens nos seus plantéis. Será que nomes como Dmitry "sh1ro" Sokolov e Sergey "Ax1Le" Rykhtorov conseguiriam manter a mesma consistência com uma plateia de milhares de pessoas diante si?

Acima de tudo, uma coisa é certa: descredibilizar o trabalho desenvolvido pelas equipas e jogadores ao longo deste ano e do anterior é injusto. De resto, esperemos antes pela verdadeira prova dos nove: o regresso definitivo das LANs.

Casos chocantes de 2021

Por entre outros casos, há alguns que se têm destacado ao longo deste ano. O mais recente é também um dos mais chocantes: a quase desconhecida ucraniana Akuma venceu à NAVI, num jogo a contar para a EPIC League, torneio RMR da zona CIS. Pior ainda, Oleksandr "s1mple" Kostyliev e os seus teammates não tiveram qualquer hipótese – 2-0 foi o resultado final, com um 16-2 em Mirage e um 16-10 em Dust2.

Em abril, na BLAST Premier Spring Showdown, torneio online para o qual equipas de todo o mundo viajaram até à Europa para participar, vimos os sul-americanos 9z a chocarem fãs de todo o globo com uma vitória por 2-1 sobre a Vitality, à data número 8 do ranking. Em casas de apostas como Betway, as odds estavam longe de estar a favor do brasileiro Bruno "bit" Lima e companhia.


Nem mesmo nomes como FalleN, s1mple ou Zywoo são capazes de evitar upsets

Nessa mesma competição, fora do top 20 estavam os suecos Dignitas, que venceram à então número 6 Liquid por 2-0. Surpreendentemente, tanto para Liquid como para Vitality, estas não foram as únicas derrotas inesperadas este ano. Para os primeiros, uma derrota contra os brasileiros da paiN foi a que chamou mais a atenção, enquanto que o insucesso dos segundos contra os compatriotas da DBL Poney foi outro desaire a ter em conta. Mas vá, a Vitality até tem desculpa: um derby é um derby.

Poderíamos também falar sobre outros jogos de CS, como a vitória dos portugueses SAW contra os alemães BIG (#40 vs. #8), mas olhemos para o Valorant. Neste recente desporto, que tem atraído milhares de espetadores, também há casos a destacar. No Masters do Stage 1, por exemplo, a europeia Acend venceu a competição contra todas as previsões da comunidade.

Na Coreia do Sul, a Nuturn bateu a Vision Strikers por 2-0, impedindo o acesso aos Masters para a segunda, que era tida até então como uma força imbatível na região asiática. Mas até no Rainbow Six Siege acontecem upsets: FURIA e Team oNe foram superiores à G2 nos grupos da recente Six Invitational, algo que era aparentemente impensável.

Cada título é igual para todos e para todas as regiões. Sim, um jogador pode ter um computador melhor do que outro indivíduo em casa, mas, no final, e particularmente em grandes competições, é a skill individual e o plano coletivo que contam para determinar quem são os melhores. Não é esta uma das belezas dos esports?