Review: Razer Deathstalker Ultimate

"Isto não é um teclado, é um avião!" – A frase não é minha. Pertence a quem estava comigo quando tirei o Razer Deathstalker Ultimate da caixa e dá para ter uma ideia do impacto visual deste teclado. É deslumbrante. Em certa medida, fez-me lembrar o meu ZX Spectrum, mas muito mais "cool". É que o ecrã táctil, ou Switchblade, substitui o keypad precisamente da mesma forma que o meu velhinho leitor de cassetes do ZX Spectrum o substituiria. No mesmo sítio, com sensivelmente as mesmas dimensões.

Mas, bom, a primeira impressão é de facto soberba. Até pela sua dimensão, uma vez que o teclado é enorme. É que, além do Switchblade já mencionado, que é maior que um keypad normal, do lado esquerdo do teclado há também um conjunto de cinco teclas para macros programáveis. E o facto do apoio para pulsos não ser amovível também ajuda a dar esse volume ao equipamento. Ficam desde já as notas relativas a este: o seu revestimento parecido com borracha é um verdadeiro íman para pó e sujidade, mas está absolutamente no ponto para uma utilização prolongada confortável.

A instalação exige algo mais que o vulgar Plug n’ Play. Para começar, são necessárias duas portas USB para alimentar este menino. Não constituiu grande surpresa uma vez que o Switchblade deve necessitar de bastante energia para correr. Mas antes de as ligar, há que efectuar o download de um software próprio, o Razer Synapse 2.0. Será através dele que poderemos aceder a toda uma panóplia de configurações, desde a cor das teclas retro-iluminadas às macros ou à função Game mode… Mas já lá iremos. Com a aplicação instalada, a conta de utilizador criada e o teclado devidamente ligado a duas portas USB, podemos começar a usá-lo.

As teclas, em chiclet, são bastante confortáveis. Não exigem um trajecto longo para serem accionadas e são silenciosas. Estão dispostas entre si a uma distância confortável, uma vez que, num teclado deste tamanho não há necessidade de as atravancar. Também me agradou bastante a fonte utilizada na marcação das letras. Simples. Minimalista, até. O que não me agrada, pelo menos no modelo testado, é a ausência de adequação ao mercado português. Ou seja, não há "Ç", não há o símbolo do € e os acentos também não marcam presença. A maioria das teclas está nas posições mais ou menos habituais, mas o "Ç" surge como ";" na tecla, o "~" surge como "", etc. Mais grave parece-me ser a ausência dos sinais maior e menor. Parece brincadeira, mas não é. Para estes caracteres "<" e ">" aparecerem aqui no texto, tive que ir copiá-los a um ficheiro de XML que estava a editar – e que foi onde notei a falta das teclas. Não será uma falha enorme para quem pretender utilizar o teclado para aquilo que ele foi especificamente desenhado – o gaming! – mas é limitativo para quem, por exemplo, pretender utilizá-lo para programar.

Passo essencial para a utilização em pleno deste Deathstalker Ultimate é a configuração do Razer Synapse. Esta aplicação inclui um vastíssimo leque de opções de configuração que não podem ser descurados por quem pretende tirar verdadeiro partido deste teclado. Para começar, destaca-se desde logo a possibilidade de criar vários perfis, o que garante desde logo uma enorme versatilidade. Os perfis podem ser activados mediante uma combinação de teclas à escolha, para agilizar o processo de troca de perfil. É também possível configurar a retroiluminação das teclas. Há 40 cores disponíveis, bem como uma opção para ir rodando as cores aleatoriamente, e é possível definir também o brilho. Fica a nota para a opção de desactivar a retroiluminação quando o monitor se desliga, para poupança de energia.

Outra das opções permite-nos configurar o Gaming Mode do teclado. Enquanto gamer, perdi a conta às vezes em que a tecla do Windows me atrapalhou uma frag ou me fez sair do jogo numa altura inconveniente. Pois bem, é possível indicar ao teclado que deve ignorar a tecla do Windows, a combinação Alt+Tab e o Alt-F4, isto apenas quando o Game Mode se encontra activo, o que pode ser feito com recurso a uma tecla para esse efeito. A tecla dispõe de um LED para indicar quando o Gaming Mode está activo. Simples, mas muito útil.

O Synapse permite ainda criar várias macros, para utilizar em cinco botões próprios para o efeito, situados do lado esquerdo do teclado, ou para serem atribuídas a outras teclas. A utilização do Synapse não é obrigatória para a gravação de todas as macros, uma vez que há uma tecla que serve de atalho para a isso, mas é através do Synapse que posteriormente atribuímos as macros às respectivas teclas de atalho.

Não basta de customização? Pois bem, o Synapse permite alterar as funções de praticamente todas as teclas! Desde trocar o que elas fazem até iniciar programas ou páginas. É certo que isto deverá aplicar-se sobretudo às 10 teclas customizáveis do Switchblade, mas é possível alterar outras teclas também, atribuindo-lhes combinações de teclas, macros, atalhos para páginas ou programas ou mesmo movimentos de rato. Nem tudo será perfeito neste Synapse, até porque houve notícias de alguns bugs há uns meses atrás, mas pelo que descrevi até agora e pela capacidade de efectuar downloads de updates e de apps automaticamente, torna-se, de facto, de um programa que confere a este Deathstalker Ultimate um potencial tremendo. Mas já abordaremos isso em pormenor.

A pedra de toque deste teclado é precisamente a sua Switchblade. E é por isso que deixámos o melhor para o fim. O Switchblade é um LCD de 4 polegadas, táctil, com suporte multi-toque. Assume um leque de funções em função daquilo que dele se pretenda em dado momento. Por norma, é um trackpad. Porém, o seu suporte multi-toque torna-o bastante útil no ambiente Metro do Windows 8, permitindo navegar pelas apps, ampliar ou minimizar com facilidade. Na parte superior, há 10 teclas que são, na verdade, 10 pequenos LCDs também. Estas teclas servem inúmeras funções e mudam consoante a aplicação ou a secção da Switchblade que estamos a ver. São também extremamente personalizáveis, permitindo-nos mudar tanto o que cada uma delas faz, como a imagem a ela associada. Mas tentemos falar um pouco de tudo. No modo principal do Switchblade, as dez teclas assumem um conjunto de aplicações e atalhos pré-definidos:

Trackpad – Activa o modo trackpad (que já existe por omissão), mostrando os 10 botões de atalho por nós definidos.

Numpad – Activa o modo numpad. É em tudo parecido com um numpad normal. Teclas numéricas e operadores são mostradas no Switchblade. As teclas assumem as funções INS, Home, Page Up, etc…

Fica a nota para um pequeno bug relativo à "/" do keypad, que é reconhecida como "–". Aguarda-se a correcção deste bug numa actualização da Razer para breve.

Gravador de Macros – Permite gravar uma macro sem sair do jogo e ter que aceder ao Synapse.

Gaming mode – Activa o Gaming Mode, no qual certas teclas ou combinações de teclas são desactivadas.

Browser – Permite usar o Switchblade como browser, sem ter que minimizar ou sair do jogo.

Youtube – App do Youtube para ver (e ouvir) vídeos no Switchblade.

Facebook – App do Facebook para aceder ao vosso feed de notícias sem ter que sair do jogo.

Twitter – App para actualizar rapidamente o Twitter.

Gmail – App para aceder à conta do Gmail directamente no Switchblade.

Relógio e Cronógrafo.

Screenshot – Tira uma screenshot e armazena-o numa pasta própria.

Mas há mais! Muito mais! A Razer inclui ainda algumas Apps desenhadas especificamente para determinados jogos. Assim, há disponíveis aplicações para os seguintes jogos:

	Star Wars: The Old Republic
	Battlefield 3
	Counter-Strike
	Team Fortress 2
	Skyrim
	Entretanto, há dias, o Synapse actualizou e efectuou o download de uma app para o League of Legends.

Testei algumas destas e os resultados são satisfatórios. A app para o Team Fortress 2 consiste, sobretudo, numa série de atalhos que nos permitem escolher a classe, chamar o médico e outros.

Fiquei surpreendido com a app para Counter-Strike. Funciona no CS 1.6, no CS:S e no novo CS:GO, oferecendo também uma variedade de atalhos interessante.

A app para League of Legends parece-me extremamente completa, com dezenas e dezenas de Champions e com filtros para ver apenas os Support, os Mage, os Tank, os Fighter, os Assassin. Depois, cada Champion tem os respectivos ícones das suas habilidades nas 10 teclas configuráveis.

Parece, sem dúvida, bastante interessante. Melhor, só o facto de existir um fórum próprio, criado pela Razer, para reunir os potenciais developers para novas apps. Ou seja, espera-se que, a médio prazo, surjam mais e melhores apps para tirar o melhor partido deste DeathStalker Ultimate nestes e noutros jogos. Mas, mesmo para jogos que ainda não figurem entre as Apps desenvolvidas, há ferramentas interessantes.

O  Game Timer oferece um conjunto de temporizadores que podem ser utilizados em determinados jogos. Há alguns já pré-criados, para o Battlefield 3 e para o League of Legends.

A título de curiosidade, no LoL, quando jogado no mapa Summoner’s Rift, conta com nove contadores. Mas é possível criar-se um grupo de temporizadores para o que pretendermos. Por exemplo, criei um para o DOTA 2, com um contador para o Roshan, de 10 minutos, e outro para a duração do Aegis, de 6 minutos. Revelam-se extremamente úteis no decorrer do jogo.

Em todo caso, fica-se com água na boca quanto ao que poderá ainda vir a ser desenvolvido para tirar partido deste Switchblade. O potencial, esse, está todo lá e há uma equipa de programadores já a trabalhar em novas apps.

Em suma, estamos perante um teclado que, com um preço a rondar os 260€, não é decididamente para todos os bolsos. E precisa de ter um layout português. Mas é um senhor teclado. É mais do que um teclado e pode perfeitamente tornar-se uma poderosa ferramenta nas mãos de um gamer que dele saiba tirar partido, configurando-o a seu gosto e de acordo com as suas necessidades. Se têm dinheiro para investir numa experiência de gaming high-tech, este menino é um sério candidato!

Pontos fortes

• Teclado e apoio muito confortáveis
• Switchblade programável e personalizável ao extremo!
• 10 botões de atalhos programáveis
• Facilidade na utilização de macros

Pontos fracos

• O preço
• Teclado US

Especificações técnicas

• 4,05" Touchscreen, capaz de executar aplicações
• TrackPad com suporte de gestos
• 10 Atalhos dinâmicas com o tempo de resposta de 80Hz
• Teclas estilo chiclet
• Teclas de iluminação tricolor
• 1000Hz Ultrapolling (1ms de resposta)
• Teclas totalmente programáveis com gravação de macros on-the-fly
• Synapse 2.0
• Opção modo Gaming, desactiva a tecla Windows
• 5 teclas macro adicionais
• Sistema anti-ghosting com uma capacidade até 10 teclas em simultâneo
• Cabo de fibra trançada
• Apoio de pulso fixo

Requisitos do sistema:

• PC com porta USB
• Windows Vista / 7 / 8
• Ligação à Internet (para instalação de controladores)
• Pelo menos 200MB de espaço no disco rígido
• Registo na Razer Synapse 2.0 (requer um endereço de e-mail válido), download de software, aceitação do contrato de licença e ligação à Internet são necessárias para a utilização completa do produto e também para receber as atualizações.

Agradecimentos: FJMPC.pt

Ricardo "Purple" Mota