Review: VALORANT

 

O VALORANT é um jogo competitivo para PC de tiros na 1ª pessoa, sendo jogado em 5vs5. O seu conceito chave não diverge de outros FPS populares, havendo uma equipa atacante que pretende plantar o Spike num dos sites e uma equipa defensiva, tentando ambas alcançar primeiro as 13 rondas vencidas num máximo de 25 disputadas, trocando de lado após 12 rondas.

Naquela que é a primeira aventura da Riot Games no mundo dos FPS, não é de todo estranho para quem está familiarizado com títulos como Counter-Strike, Overwatch e Rainbow Six ver elementos desses jogos servirem de inspiração para grande parte daquilo que foi concebido no VALORANT, uma tentativa de reunir aquilo pelo qual cada jogo se distinguiu.

Ao iniciar a sua aventura no VALORANT, qualquer utilizador será confrontado com uma das artes que a Riot Games melhor domina no que diz respeito aos seus jogos – tutoriais. Desde o começo, os jogadores são ambientados com várias das características e controlos do jogo para que a sua experiência junto de outros utilizadores não seja feita "às escuras".

O acompanhamento feito pela Riot surge desde cedo sem retirar a possibilidade do jogador descobrir por si mesmo outros elementos vitais do jogo que só se adquirem com práctica, tais como melhor movimentação, disparo e utilização de habilidades.

No VALORANT, os jogadores necessitam de escolher que "Agente" pretendem utilizar antes de iniciar uma partida 5vs5 competitiva. Os "Agentes" possuem todos traços únicos e funções diversificadas, contendo diferentes designíos naquilo que é o seu papel e role de habilidades no jogo – "Duelista", "Iniciador", "Controlador" e "Sentinela".

Tal como o próprio nome indica, os agentes de cada tipo terão habilidades dedicadas ao que se pretende delas, entre dar suporte e criar oportunidades como dar ferramentas a jogadores de entrar em duelos com maior facilidade e tentar sair por cima dos mesmos. Estes são os 11 agentes existentes até agora no VALORANT por tipo (podem aceder à sua descrição e leque completo de habilidades em cada hiperligação):

Para contas novas, são cinco os agentes disponíveis de imediato sendo eles a JETT, PHOENIX, BRIMSTONE, SAGE e SOVA. Através dos jogos e ao adquirir experiência, dois desbloqueios serão adquiridos para qualquer um dos outros seis agentes após atingir os níveis 5 e 10 do objetivo inicial – "JOGA PARA DESBLOQUEAR AGENTES".

Após atingir a marca dos sete agentes disponíveis, os restantes 4 revelam-se bem mais complicados de desbloquear de um ponto de vista temporal. O jogador terá de selecionar o contrato de determinado agente que pretende desbloquear e adquirir a experiência necessária para completar o nível 5, falamos de 375,000 pontos de experiência.

Existem missões diárias para ajudar a ganhar experiência de uma forma mais rápida e chegar mais rapidamente ao objetivo, no entanto não deixam de ser necessários 1,500,000 pontos antes de ter todos os agentes do jogo ao seu dispor – alternativamente, cada nível pode ser desbloqueado automaticamente por 200 pontos VALORANT.

Para desbloquear um agente do 0, o jogador pode optar por usar a moeda "premium" do jogo e pagar 1000 pontos VALORANT para desbloquear automaticamente determinado agente, sendo que o preço de 1150 VP em Portugal equivale a 11.99€.

Todos os contratos de agente vão do nível 1 até ao 10, tendo como última recompensa um cosmético diferente para determinada arma – em todos os 11 agentes, uma pistola temática é desbloqueada sendo a Viper a única que possui no seu nível 10 uma skin para a Shorty (caçadeira de duas balas na categoria das pistolas).

As habilidades de cada agente foram feitas para complementar a componente de FPS e trazem um dos aspectos únicos que o VALORANT criou. Para além destas quatro categorias, as armas de cada agente não estão limitadas a si e a presença de um sistema económico disponibiliza exatamente as mesmas armas a qualquer jogador através do menu de compra.

Para além disso, as habilidades não são atribuídas de forma gratuita (excepto o E que recebe um uso extra a cada ronda até atingir o máximo do Agente) e necessitam de ser adquiridas, algo semelhante às várias granadas que estão disponíveis noutros títulos e que são compradas no início de cada ronda.

Pormenores como este conferem ao VALORANT a sua própria identidade, um Shooter localizado num futuro próximo onde agentes com habilidade sobrenaturais batalham entre si. Ao contrário de outros jogos onde podes sair da base com um "kit" completo de smokes, molotovs, flashes e HE’s, o VALORANT limita cada agente e tenta tornar o mesmo dependente de outros para jogadas combinadas.

Agentes como o BRIMSTONE que foi o mais utilizado por mim durante a fase de BETA fechada possuem um vasto arsenal de apoio à sua equipa, ajudando a pautar tanto o ataque como a defesa. Uma das suas habilidades permite aumentar o ritmo de disparo de todos aqueles que se encontrem numa curta área, possuíndo também um molotov e três fumos para retirar a visibilidade em certas zonas.

Todos os Agentes possuem três habilidades que por defeito estão associadas às teclas Q, E e C (algumas das habilidades do E estão associadas a um cooldown, voltando a estar disponíveis determinado tempo após a sua utilização como a câmera do Cypher e a cura da Sage), havendo também o seu Ultimate que pode ser ativado na tecla X após angariar os pontos Ulti necessários.

Em alguns Agentes serão 6, noutros serão 7 os pontos para desbloquear o Ultimate que é das suas melhores habilidades. Os pontos ulti são adquiridos no mapa, com cada abate e cada vez que o jogador é abatido por outro.

Um dos Ultimates com mais impacto do jogo é o da Sage que permite trazer de volta um aliado que tenha sido abatido durante a ronda que está a ser jogada, habilidade que junto das restantes opções que a mesma fornece a tornam como uma das escolhas obrigatórias a cada jogo disputado.

Até à data, não temos um Agente que se possa designar como o pacote completo a nível de utilidade e é provável que o mesmo nunca chegue de forma a manter as dinâmicas que estão atualmente presentes no jogo intactas e a relação entre Agentes.

Existem várias combinações bastante úteis que vão sendo descobertas e fazem precisamente parte da curva de aprendizagem que foi referida previamente, tais como ligar as habilidades "Orb de Lentidão" e "Orb de Barreira" da Sage ao "Ataque Orbital" do Brimstone, um combo que se revela letal quando bem executado e que pode ser a diferença entre ganhar e perder uma ronda.

O equilíbrio entre Agentes será sempre um tópico presente no que diz respeito às atualizações por parte do VALORANT e parte íntegra da jogabilidade, tendo nas suas habilidades um elemento refrescante e divertido combinado com um conceito de FPS mais clássico.

Neste momento, existem dois modos de jogo distintos no VALORANT e quatro mapas nos quais os mesmos se desenrolam. Atualmente, o modo de jogo com partidas rankeadas ainda não se encontra disponível, estando em vigor o 5vs5 normal à melhor de 24 rondas.

No entanto, o lançamento oficial do jogo trouxe consigo o "SPIKE RUSH" que ainda se encontra em BETA e que promete uma partida mais casual repleta de habilidades de parte a parte e jogos bem mais rápidos para utilizadores que não pretendam ou não consigam comprometer tanto tempo ao VALORANT.

Desenhados para durar entre 8 a 12 minutos, estes novos jogos conferem a todos no lado atacante um Spike para plantar e são disputados à melhor de 7 rondas com uma troca de lado após 3 rondas. As habilidades básicas são todas desbloqueadas ao início da ronda e todos começam com a mesma arma aleatória todas as rondas, sendo mais rápido o processo de obtenção do Ultimate.

Como se não bastasse o festival de habilidades que o "SPIKE RUSH" proporciona, várias esferas com diferentes poderes estão espalhadas pelo mapa, tendo a última atualização efetuada no dia 10 acrescentado os poderes de cura, ilusão e arma dourada com precisão total e abate em apenas 1 tiro.

No que diz respeito a mapas, três estiveram disponíveis durante a totalidade da BETA Fechada e um quarto juntou-se à lista no lançamento oficial do jogo. BIND, HAVEN, SPLIT e ASCENT são os locais onde a magia do VALORANT acontece, cenários de batalha com as suas características próprias e abordagens no ataque e defesa.

Uns mapas possuem dois locais de bomba, outro possui três; uns mapas são mais verticais enquanto outros introduzem elementos como teletransporte e barreiras que podem ser ativadas para fechar uma zona. Estas são as características principais de cada um (podes consultar uma galeria de imagens dedicada a cada mapa no site oficial do VALORANT):

Antes de avançarmos para o tema das armas presentes no jogo e que são um dos focos principais de cada FPS, é importante entrar nas especificidades do VALORANT enquanto jogo. O novo FPS da Riot Games é jogado em servidores de 128 tick, possuíndo segundo a empresa um ping inferior a 35ms para pelo menos 70% dos utilizadores a nível global, algo que não foi qualquer problema nas várias partidas de VALORANT que realizei em Portugal.

Não tendo estado isento de problemas durante a BETA fechada, o VALORANT é um jogo que pretende ser fácil de correr na maior variedade de computadores possível, possuíndo gráficos mais suaves para que os mesmos não aumentem o impacto que o jogo tem num sistema operativo.

Desde o lançamento oficial, é possível dizer que a Riot Games resolveu a maioria dos problemas associados ao desempenho do jogo, sendo estas as suas especificações oficiais de hardware:

No VALORANT, existem ao todo 17 armas de fogo distintas que estão acessíveis a qualquer agente através do menu de compra, contendo cinco pistolas diferentes (Classic, Shorty, Frenzy, Ghost e Sheriff), duas caçadeiras (Bucky e Judge), duas SMGs (Stinger e Spectre), quatro armas de assalto (Bulldog, Guardian, Phantom e Vandal), duas snipers (Marshal e Operator) e duas metralhadoras (Ares e Odin).

Cada arma tem um preço diferente e procuram dar resposta a situações diferentes, tendo em conta o poder de cada uma e a economia do jogador/equipa. O sentimento de disparo no jogo é bastante gratificante apesar de ainda existirem arestas a limar e problemas que podem ser resolvidos.

Os "headshots" são bastante letais no VALORANT com quase todas as armas, sendo desferidos mais vezes do que aquelas que seriam desejáveis por jogadores que se encontram em movimento – a precisão das armas nestas situações possui espaço para melhoramentos, bem como os recoils aleatórios em algumas armas.

Enquanto jogo gratuito, o VALORANT necessita de uma forma de gerar receita e tal como o League of Legends e outros FPS, o mercado dos cosméticos apresenta-se como a oportunidade ideal para o fazer sem afetar o equilíbrio do jogo.

Com alterações feitas apenas no visual da arma a nível de cores, as skins podem ser adquiridas através do contrato dos agentes, da aquisição na loja oficial do jogo ou desbloqueando ao completar níveis do Story Contract, um Battle Pass que se encontra disponível de forma gratuita e que pode ser melhorado para uma versão paga com mais conteúdo.

Os cosméticos e coleções destacadas na loja rodam de duas em duas semanas para novos contéudos enquanto que as ofertas atualizam entre si a cada 2-3 dias. As skins da loja são pagas com pontos VALORANT, a moeda Premium que referimos previamente no desbloqueio pago de contratos de agente.

A coleção Prime disponível neste momento conta com novos visuais para a faca, Spectre, Vandal, Guardian e Classic, tendo um custo de 7100 pontos VALORANT (cerca de 70€). O Battle Pass tem um custo de 1000 pontos VALORANT e dará um total de 13 skins distintas ao longo de 50 níveis, o último deles que contem a faca "Kingdom Melee".

Nos outros níveis completos, os jogadores recebem buddy’s para colocar na arma, graffitis, cartas ID e pontos Radianite, outra das moedas do VALORANT. Os pontos Radianite só podem ser obtidos através de objetivos no jogo ou adquirindo com pontos VALORANT, sendo responsáveis por desbloqueios de "features" em cosméticos premium.

As quatro armas de fogo da coleção Prime possuem cada uma sete níveis distintos de personalização, desbloqueando cada um deles com Radianite. Com custos de 10 a 15 pontos dependendo do nível, os jogadores podem desbloquear novas animações de recarregamento, finishing moves, outras variantes de cor e um som de disparo diferente.

Por fim, o que seria um FPS sem o problema comum que todos eles partilham – cheaters. A Riot Games prometeu desde o início uma luta acesa neste departamento e um anti-cheat capaz de dar a resposta necessária e que se pedia por parte da comunidade de Shooters.

O resultado diria que até agora é misto no que diz respeito ao ponto mais polémico do VALORANT. O Vanguard, anti-cheat da Riot Games, corre juntamente com o início do PC e possui um nível bastante elevado de acesso ao interior do mesmo para impedir que programas de cheats sejam executados.

No próprio dia em que a BETA fechada de VALORANT foi lançada mundialmente, já existiam utilizadores com cheats funcionais a mostrarem os seus "feitos" na Internet. No que diz respeito à minha experiência pessoal, eu diria que a Riot Games fez um bom trabalho mas percebo que para outros utilizadores a história possa ser diferente.

O Vanguard não afetou de maneira nenhuma a performance do meu computador nem causou problemas a nível de hardware como outros jogadores reportaram. A nível de jogos, tenho confiança para dizer que nenhum deles foi disputado contra um cheater (pelo menos, de forma claramente visível), deixando no ar um sentimento de tranquilidade apesar de saber que irão sempre existir infractores.

Para quem quer jogar VALORANT mas está preocupado com o Vanguard e sente a sua privacidade afetada, pode desligar o mesmo mas será obrigado a reiniciar o programa e o computador quando pretender iniciar uma sessão de jogo.

O VALORANT definitivamente tem tudo ao seu dispor para conquistar nos próximos tempos o seu espaço dentro dos FPS competitivos de referência. O potencial está lá tanto para os jogadores casuais como de competição, sendo capaz de produzir uma experiência ao nível das várias expectativas criadas em torno de si.

A presença de fatores como o tutorial e vários elementos como o painel do Brimstone ou mapa do Omen no que diz respeito à colocação de fumo reduzem o teto de habilidade do jogo e a probabilidade de um jogador novato ter uma experiência bastante opressora nos seus primeiros jogos, ideal para criar uma playerbase maior.

A nível competitivo, obviamente esse cenário não é ideal mas ainda existe muito por desvendar no VALORANT e a diferença de nível de um jogo aleatório para uma scrim de jogadores mais dotados e experientes a nível de FPS é notória, ficando nas mãos da Riot Games o equilíbrio entre a vertente competitiva e casual do jogo e a direção em que pretendem levar o VALORANT.

O VALORANT reúne em si de forma inteligente elementos que poucos ousariam misturar para um FPS que é ao mesmo tempo competitivo e divertido – movimento a fazer lembrar o CS 1.6, habilidades do Overwatch e classes do Rainbow Six Siege.

O futuro para o VALORANT parece risonho e depende apenas de si para começar e continuar a traçar um caminho para si nos Esports tradicionais, tanto como forma de entretenimento e competição.