Ainda relativamente à Lisboa Games Week e às finais da Worten Game Ring Master League Portugal by ASUS S2, o Fraglíder esteve à conversa com o José "MISK" Rangel, AWPer e IGL da equipa dos K1CK eSports Club após o terceiro lugar conquistado pela equipa no evento. Entre temas como as dificuldades que encontraram na fase regular para obter a qualificação e o recap do que foram as suas partidas e desafios na WGR MLP S2, abordamos também um dos temas quentes da comunidade – o seeding e qual a opinião de MISK sobre esse assunto.

 


"Não estava nada à espera que fossemos passar tantas dificuldades na fase regular."

Fraglíder: MISK, a tua equipa veio para este evento com a quarta seed após uma fase regular a 7 jornadas que viu a qualificação das quatro equipas ser disputada até à última. Como avalias as dificuldades que encontraram na fase online? Estavas à espera que fosse discutido até à última o apuramento das equipas para a Final Four?

MISK: Não e sinceramente não estava nada à espera que fossemos passar tantas dificuldades na fase regular. Houveram dois jogos para nós, por exemplo contra os GTZ Bulls e contra os Team HD, que na minha opinião não devíamos ter perdido, principalmente contra os Team HD – eles brincaram mesmo connosco, acho que foi um 16-3 e em nuke, um mapa que é nosso. Isso dificultou-nos um bocado a vida mas relativamente à fase regular, penso que foram essencialmente esses dois jogos que acabaram por definir o tom da nossa qualificação.

Fraglíder: No primeiro dia da Lisboa Games Week, vocês iniciam a vossa participação contra a única equipa invicta da fase regular. Com uma grande prestação, vocês acabam por roubar o mapa aos Vodafone Giants por 16-10. Contra a equipa que era favorita a vencer a prova, qual foi o vosso plano de jogo para conseguir este resultado?

MISK: Eu acho que sendo um BO1, os underdogs estão sempre em vantagem porque apesar de eles não treinarem muito, possuem uma boa map pool. O plano dos vetos nesse jogo era simplesmente banir os maps onde eles conseguiam brincar um bocado, dust2, cache e mirage era o plano de ban – nós queríamos jogar overpass ou inferno contra eles. Felizmente, eles baniram o overpass que é um mapa que apesar de andarmos a treinar, ainda não nos sentimos muito confortáveis.

Calhou inferno e nós tínhamos muita coisa preparada, antistrats, sabiamos mais ou menos como eles jogavam e aquilo que estavamos a fazer estava a pintar, a funcionar. Conseguimos com o antistrat vencer facilmente no inferno e foi essa a história do jogo.

 


"O tempo que passamos em bootcamp foi a treinar Overpass e a preparar um antistrat para essas equipas por acharem que não jogamos o mapa, era essa a nossa carta."

Fraglíder: Na final da upper bracket contra os OFFSET, vocês entram em desvantagem após perder o primeiro mapa e vão parar precisamente ao Overpass. Num mapa em que ainda não se sentem confortáveis, ganham em OT e perdem a série em Inferno, mapa que tinham conquistado aos Giants. O que pensas que falhou? Foi deixarem os OFFSET fugir muito cedo no jogo que ditou este desfecho?

MISK: Nesse BO3 em geral nós tinhamos a vantagem, pelo menos pelos mapas que foram pickados. Nós queriamos que os Giants como os OFFSET escolhessem Overpass porque apesar de não estarmos tão confortáveis no mapa, o tempo que passamos em bootcamp foi a treinar Overpass e a preparar um antistrat para essas equipas por acharem que não jogamos o mapa, era essa a nossa carta. Começamos muito mal no Train, apesar de sabermos o que eles iam fazer não conseguimos adaptarmo-nos bem às jogadas que eles estavam a fazer.

Nós tinhamos o antistrat e não o estávamos a conseguir executar, no Overpass tivemos um bom início apesar de ter deixado o jogo fugir no T side, felizmente conseguimos fechar em Overtime. Chegamos ao Inferno e lá, apesar de o resultado ter ficado 16-7, houveram muitas rondas em que se ficou em situações de 1 para 1, 2 para 2, chegamos a perder retakes de 3 para 2 e penso que o resultado é um bocado mentiroso mas há que dar todo o mérito aos OFFSET pela vitória.

Fraglíder: Voltam a encontrar os Giants num jogo decisivo e que sabiam que ia ser difícil, um BO3 em que logo ao início vão parar a dois mapas que são picks regulares dos Giants, dust2 e nuke. O que mudou no veto deste BO3 em relação ao do BO1? A aposta feita nos mapas foi pela segurança? Qual foi a ideia de deixarem o dust2 nos vetos para ser pick dos Giants?

MISK: O nosso ban principal é cache e por isso nós tínhamos de decidir entre jogar cache ou dust2. O cache é um mapa que não jogamos mesmo, o dust2 apesar de não jogarmos muito bem ainda temos algumas coisas preparadas – entre o cache e o dust2, decidi banir o cache e os Giants aproveitaram isso e escolheram jogar dust2. Na nossa escolha de mapa, tínhamos disponíveis os nossos dois mapas mais fortes, train e nuke.

Eu senti confiança no nosso nuke e acabou por ser a nossa escolha, foi um mapa que não correu bem e em que os Giants foram superiores. Nós não estavamos a conseguir fazer nada no lado Terrorista e ainda fomos perder o pistol a CT, perdemos um side 12-3 e depois é muito difícil fazer a reviravolta, novamente mérito do adversário, os Giants.

 


"Acho que quem deve ir ao torneio é quem demonstra que merece estar no torneio."

Fraglíder: Na ressaca dos qualificadores mais recentes para um torneio, vimos a maior parte das equipas estabelecidas no topo da scene cair em detrimento de mixes. Um dos assuntos quentes na comunidade é se deveria ou não haver seeding. Sendo os K1CK uma das equipas que mais tem sido afetada nos qualificadores ao não conseguir presenças offline, qual é a tua opinião? Existência de seeding ou não? Se sim, de que forma deveria ser feito?

MISK: O pessoal também fala um bocado em haver convites diretos. Eu com os convites não concordo muito, acho que quem deve ir ao torneio é quem demonstra que merece estar no torneio. Acho que deveria haver algum tipo de seeding ou, pelo menos, que os qualificadores não sejam disputados em BO1. Mixes em BO1 ou mesmo nós contra os Giants em BO1 torna a coisa muito mais fácil, haver uma Lower Bracket com BO3 acho que era algo muito mais justo.

Em termos de como fazer as seeds, tentar fazer a mesma pelos torneios e resultados obtidos em geral ou usar mesmo as ligas para ter esse seeding, não sei qual seria o mais justo, talvez mesmo a forma de seeding baseada em torneios ao longo do ano – seria algo mais justo e que demonstra mais aquilo que é a consistência das equipas uma vez que de torneio para torneio pode variar e nas ligas é algo que ocupa apenas mês e meio.

Fraglíder: Outro dos vossos objectivos para esta temporada foi atingido, a permanência na ESEA Advanced. No que falta desta temporada, quais são os objectivos dos K1CK? Que palavras finais queres deixar sobre este evento?

MISK: O nosso objectivo é continuar a jogar a ESEA Advanced, a Master League Portugal e dar tudo em ambas. Acho que um dos nossos erros foi tentar jogar demasiadas ligas, por acaso não houve Superliga mas o nosso plano inicial era jogar Superliga, MLP, ESEA Advanced, a Winners League na FACEIT e isso dificulta muito. Tivemos, por exemplo, uma semana de bootcamp em que quatro dias estiveram ocupados com jogos para as ligas, todos os dias realizamos um ou dois jogos e isso, para além de estar a mostrar um bocado daquilo que nós treinamos, é tempo em que não estamos a treinar e penso que nós aprendemos um bocado com isso. Agora, a nível de ligas o nosso foco vai ficar apenas na ESEA Advanced e Master League Portugal. Em relação às palavras finais, gostava de deixar um grande obrigado aos K1CK, ao Spirit pelo quem tem feito por nós, um obrigado à MLP pela forma como nos tratou, sempre 5 estrelas e obrigado a ti pela entrevista.

Fraglíder: Parabéns MISK pela vossa prestação aqui na LGW.