Paolo “EVY” Berbudeau foi o mais recente convidado do “Le Club”, podcast do site francês 1pv, e não poupou críticas a Jacky “Stewie2K” Yip, com quem partilhou uma experiência na EG.
Para contextualizar, será importante recordar que, ao lado de Damien “maLeK” Marcel e do analista Juan “Hepa” Borges, EVY deixou a Evil Geniuses em maio passado. Aquando do anúncio, o então treinador assistente mostrou a desilusão em não ter sido avisado da decisão e, agora, dá a conhecer alguns dos problemas que se viveram no clube.
Notando que não foi responsável pela criação do elenco, EVY referiu algumas problemas em trabalhar com alguns jogadores (“um grande desafio”), mas deu especial destaque a Stewie2K. Segundo o francês, o estadunidense já era tido como problemático, mas a organização achou que ele deveria entrar no projeto por ser uma “superstar” com experiência em vencer.
Mal a equipa fez um bootcamp de 30 dias para a IEM Katowice, “pudemos perceber que iria ser complicado”, relembrou EVY. Nesse sentido, o francês usa Kenny “kennyS” Schrub como exemplo, apelidando-o de excelente teammate, algo que não sentiu com na EG. “A visão americana de treinador é que é um cargo para [dar força à equipa durante os jogos]” e não para trabalhar noutros aspetos, disse.
EVY continuou por explicar que a EG havia dado total controlo a maLeK, fosse a “trocar jogadores” ou a “estabelecer o seu sistema”. No entanto, contou, ambos olharam um para o outro chocados ao perceberem que, “a nível de atitude, parecia um jogo de FACEIT.” Os dois compatriotas não percebiam por que razão Stewie2K não dava as informações como deveria dar.
“Na manhã seguinte, tivemos uma discussão em que explicámos que o que tínhamos visto não era correto”, relembrou EVY. “A partir daí, já tinha tudo acabado.”
Os franceses não se sentiram respeitados durante o período na EG
Os dois treinadores franceses tentaram deixar isso de lado, mas a aura de Stewie2K era prejudicial para o desenvolvimento. De certa forma, em muitas alturas, ambos não sentiam também o apoio do clube nem dos jogadores.
“O Stewie não dizia olá ao [maLeK] quando ele entrava no quarto, isto já no dia 5-6. Quando o [maLeK] falava, o Stewie estava de costas voltadas para o PC, não o ouvia”, recordou EVY. Ainda assim, isso não foi o pior que já viu: “uma das piores coisas foi ver pausas táticas serem negadas. O maLeK pedia pausa tática e o Stewie dizia que não. Nunca vi nada assim, e logo desde o primeiro jogo oficial.”
Fazendo também críticas à metodologia e à preparação da equipa, EVY notou que “todos os dias tentávamos falar sobre [estes pormenores] e encontrar soluções. O maLeK tinha um plano e acreditava na direção”, tudo isto enquanto via em William “RUSH” Wierzba alguém que tentava fazer a conexão entre todos. Mas não seria assim tão fácil.
“Na [ESL] Pro League, eu fui o treinador porque o maLeK não estava. A CEO Nicole Lapointe estava lá (…) e viu que o Stewie deixou de dar calls em frente à presidente. (…) Estou surpreso que a Nicole não tenha feito nada sobre isso”, contou também EVY.
Logo no segundo dia, os franceses perceberam que a atitude de Stewie2K era um “sinal de alerta” e que “não era OK”. O treinador maLeK tentou resolver a situação, mas sem sucesso. Aliás, EVY reiterou nesta entrevista que o jogador não queria ouvir o francês e que, mais ainda, gostava muito de fazer tudo à maneira dele.
“Tenho 20 situações [registadas] em que o Stewie2K não mostra a intenção da sua jogada, ‘peeka’ e morre”, contou ainda EVY. Tudo isto, aliado à falta de ação da direção e ao “kick” sem aviso, deixou o francês desapontado.
Apesar de tudo isto, no final de contas a decisão foi entre ficar Stewie2K ou maLeK. “Se eles conseguirem [fazer algo] com o elenco atual, eu desisto do CS pois significa que sou um ‘palhaço’”, rematou EVY.
À data, a Evil Geniuses mantém o seu alinhamento após a saída do departamento técnico. A novidade é que a organização apostou no projeto “Blueprint”, que reúne um total de 15 jogadores e três elencos de CS:GO.
Podes ler todas as citações em inglês, recolhidas pelo jornalista francês neL, aqui.