A Imperial é uma das equipas que vai disputar a IEM Cologne 2022. O lineup brasileiro está inserido no play-in da competição e vai procurar dar um pontapé na crise de resultados que tem vindo a ter desde o brilharete no PGL Major Antwerp 2022.

No media day da competição, a equipa sul-americana concedeu uma conferência de imprensa onde abordou vários temas. Sobre o facto da equipa não ter conseguido vencer um encontro em formato BO3 desde Antuérpia, Gabriel “FalleN” Toledo reconheceu que as dificuldades têm existido.

“Foi muito complicado o pós-Major. Não tivemos resultados satisfatórios, mas tenho consciência de que os resultados que vieram antes do Major foram até benéficos em demasia, na minha opinião. Conseguimos ganhar praticamente tudo o que disputámos e só num dos torneios não conseguimos chegar onde queríamos. Se, por um lado, os resultados recentes não foram os mais favoráveis, os que vieram antes foram os melhores possíveis. Vivemos o melhor e o pior em pouco tempo e estamos a tentar lidar com isso da melhor maneira possível, a continuar a treinar e a melhorar, começou por dizer o IGL da equipa.

No que diz respeito aos objetivos para aquele que é o último torneio antes das férias de verão, FalleN não escondeu que voltar a pisar o palco alemão seria muito bom: A IEM Cologne é mais uma oportunidade de jogar um grande torneio e, neste momento, o nosso objetivo é chegar aos palcos. Jogar no palco em Colónia novamente seria muito bom. Vamos fazer o possível para lá chegar. É o último torneio antes das férias e tem um gosto especial poder terminar bem a primeira parte do ano”.

Questionado sobre se a Imperial estaria agora a ser vítima do próprio sucesso que teve no arranque da temporada, o jogador de 31 anos lembrou que “neste nível são muitas equipas boas” e que os últimos jogos “não foram jogos onde não tenhamos tido hipóteses, até tivemos match points”. No entanto, e apesar de ter reforçado que “olhar só para o resultado não diz a história do jogo”, o experiente AWP brasileiro tende a concordar: “Concordo também que a expectativa subiu. A nossa própria expectativa dentro da equipa também cresceu. O sucesso inicial veio dizer que estávamos numa posição onde não dá para afirmar a 100% que estamos ainda”.

fer não vê a idade como um problema. (Fotografia: PGL)

O fator idade foi também colocado em cima da mesa. Nesse sentido, Fernando “fer” Alvarenga foi perentório: “Na minha opinião, a idade não é um problema, honestamente. Acho que o problema é quando envelheces e vais fazer outras coisas na tua vida, como ter um filho ou viver com a tua namorada ou esposa. Essas coisas têm o seu peso. Acho que é por isso que as pessoas com 30, 32 anos reduzem o ritmo no CS ou param mesmo de jogar. É uma questão de prioridades na vida. Acho que a idade não te afeta na performance, honestamente”.

A opinião de fer, de 30 anos, é partilhada por FalleN em grande parte. O capitão da Imperial inclusive levantou a ponta do véu e reconheceu que não vai passar muito mais tempo a jogar competitivamente. “Comecei a jogar competitivamente em 2006 e sou profissional desde 2009. O Counter-Strike tem sido a minha vida, incluindo no meu casamento, que já vai para 11 anos. Começámos a viver juntos em 2019 e o objetivo era ficarmos juntos, mas com o Counter-Strike é complicado e ela passa mais tempo sozinha do que comigo, mesmo vivendo juntos. É complicado”, começou por dizer.

“Penso um pouco como o fer: se colocas o Counter-Strike como a tua paixão, não importa a idade. Podes não ter os mesmos reflexos, mas tens mais experiência e sabes como controlar os nervos. Mostrámos isso contra a Cloud9 no Major, contra uma equipa com muito talento jovem e vencemos de forma convincente num jogo muito importante e em LAN. Com o tempo percebes o que podes ou não fazer. Acho que no fim de contas depende do quanto queres jogar, de quanto tempo queres gastar com o jogo. Para mim, estabeleci que quero jogar mais um pouco. Quero jogar talvez mais um ano e meio, talvez mais um pouco e é isso. Quero fazer outras coisas na vida. Poderei continuar ligado ao CS, mas quero aproveitar outras coisas também. Vamos ver como corre”, acrescentou.

Afastado durante mais de um ano dos grandes palcos, fer regressou para abraçar o “Last Dance” brasileiro e encontrou um jogo diferente, pelo que foi necessária uma adaptação que o próprio descreveu: “O jogo mudou bastante, está muito mais rápido, dinâmico e reativo. Apesar de eu sempre ter sido um jogador desses, sempre à procura de reações no jogo, quando a meta se torna assim e vês que toda a gente está a jogar assim, muda bastante. Antigamente não era qualquer um que jogava assim. Eu era um dos que jogava, mas quando estão todos no servidor a tentar jogar assim sempre, a forma de se jogar muda. Acho que essa foi a maior dificuldade que eu tive. E agora há muitos miúdos de 17, 16 anos até que dão muita bala. Além da meta estar bastante diferente, tens que trocar bala com eles. Essas foram as dificuldades, mas bala eu sei que tenho para trocar e a meta é uma questão de tempo até te adaptares”, disse.

VINI é o jogador mais novo da equipa e falou sobre a experiência. (Fotografia: PGL)

No meio de tanta experiência, Vinicius “VINI” Figueiredo apresenta-se como o sangue mais jovem da equipa. Aos 23 anos, o jogador brasileiro fez um balanço da experiência até agora: “Tem sido muito bom. Obviamente que desde que começámos, temos que nos adaptar à meta e tentar trazer o máximo de conforto possível para nós. Em relação aos torneios, acho que me ajuda bastante [jogar com jogadores tão experientes], principalmente em LAN. Acho que em Colónia vai ser muito importante o fator da experiência e temos de tentar tirar o máximo proveito disso”.

A estreia da Imperial em Colónia está marcada para esta terça-feira, num duelo em formato BO1 contra a Outsiders. Em jeito de antevisão, FalleN revelou o que espera: “Acho que são uma equipa muito capaz. Acho que o Jame entende o jogo. Podemos ver quando ele constrói as equipas que há muita estrutura no jogo deles. Honestamente, é muito semelhante à forma como eu também vejo o jogo e como nós jogamos. Quando jogamos uns contra os outros, e já o fizemos em alguns treinos no passado, são sempre jogos lentos e onde toda a gente tenta evitar os erros e ter uma ideia do que o adversário está a fazer. Acho que vai ser um jogo lento, tendo em conta a forma como as duas equipas jogam, mas não significa que seja bom ou mau”.