A fase regular da 11.ª temporada da Master League Portugal já está em andamento e o grupo B arranca já na próxima segunda-feira, dia 20. Como tal, o FRAGlíder esteve à conversa com Renato “stadodo” Gonçalves, novo IGL da FTW, que nos falou sobre as expectativas para a prova, bem como o atual momento que a equipa vive.

Antevisão à Master League Portugal

Quais são as expectativas para a fase de grupos?

“Para mim, individualmente, acho que somos favoritos no grupo se conseguirmos fazer o nosso jogo. Mas em Portugal conhecemo-nos todos uns aos outros, por isso nunca posso meter os GTZ atrás de nós neste momento, também porque os últimos jogos foram eles que os ganharam. Acho que é um favoritismo partilhado”.

A Agency Clan é o vosso primeiro adversário. Como é que olhas para eles?

“Acho que é uma equipa acessível, mas temos de jogar sempre com respeito para não sermos surpreendidos e não acontecer nenhum desastre. É respeitar tanto os Agency como os Booky, que são as equipas que o pessoal mete mais atrás, mas os Booky podem ter uma palavra a dizer. É uma equipa a ter respeito, têm três jogadores dos Rhyno, o suka que saiu daqui e o EasTor que tem muita experiência. Não sei bem o que esperar, porque o EasTor é AWPer e o akuma também. Não sei o que esperar, mas acho que é uma equipa a ter em conta. Há que ter respeito por todos, mas o nosso objetivo é ficar em primeiro e acho que temos tudo para isso”.

Esta temporada, o formato da MLP sofreu alterações. Qual é a tua opinião acerca desta mudança?

“Gosto muito da mudança. Foi algo que eu disse pessoalmente a quem gere a MLP, que gostava que fizessem essa troca de haver só dois jogos na final four e não haver aquele BO1, depois um BO3, um outro BO3 para quem perde e o BO5. Acho que é muito cansativo. Assim acho que é o melhor, até para os viewers porque deixa de haver sempre os mesmos jogos e as mesmas equipas. Em relação ao último ser logo eliminado da fase de grupos, concordo. As oportunidades são as que há e não há que ter 50 oportunidades. Torna a liga mais cansativa até para quem vê. Os jogos acabam por ser desinteressantes e acho que é importante manter a liga e os jogos interessantes. Gosto muito das trocas, especialmente da final four“.

O facto de a final ser um BO5, achas cansativo?

“Neste formato de meia-final e final, acho que é bom. Acabas por ser o campeão português e nada melhor que um BO5. O BO3 é aquele jogo normal, mas um BO5 são três mapas que tens de ganhar. Agora com meia-final e final e sem o mapa de vantagem, tens mesmo que ganhar três. Acho que é engraçado e obriga também as equipas a trabalhar melhor a map pool. No ano passado foi muito cansativo. Jogámos um BO3 com os SAW no dia anterior, depois um BO3 no dia seguinte e um BO5 onde fomos a último mapa. Sinceramente, não sei onde fomos buscar forças. Já aconteceu noutros torneios também jogar três BO3 num dia. Acho que os torneios têm que olhar também para isso e para os jogadores. A MLP agora com as duas meias-finais num dia e a final no outro, mesmo em BO5, é mais tranquilo para os jogadores”.

O momento atual da FTW

Que análises fazes a este início de temporda da FTW e como olhas para o momento atual da equipa?

“O nosso início de época foi um pouco de altos e baixos. O que sentimos é que quando metemos o NOPEEj era um upgrade para a equipa, não porque ia ser um upgrade ao suka, que nunca foi o nosso pensamento, mas sim ao coletivo. O que aconteceu foi que o NOPEEj esteve uns anos a jogar em equipas que não estavam no nível que nós queremos jogar e ele acabou por ter algumas manhas, alguns tiques que não eram muito bons. Houve também a adaptação a algumas posições na nossa equipa e isso atrasou um pouco o processo, não por culpa do NOPEEj só, mas a equipa também se adaptou a outras coisas e tentámos mudar muitas coisas. Agora eu estou como IGL, foi uma adaptação que fizemos para deixar o DDias mais tranquilo a fazer o seu jogo e ele conseguir levar-nos para a frente, que é um jogador muito importante para ganhar espaço. Ainda estamos naquelas adaptações para ver o que é melhor e o que não é. Em relação à map pool, claro que o Dust2 foi um golpe duro. Ainda por cima não saiu Overpass nem Mirage, que são os nossos mapas menos jogados. Neste momento acho que temos uma boa map pool, com cinco bons mapas. O Overpass a questão é que treinamos bem, treinamos muito melhor do que o jogamos nos oficiais. Temos que traduzir isso para os oficiais, claramente estamos um pouco em choque. Temos levado com Overpass os jogos todos, não temos conseguido fechar e nem demos luta em dois ou três. Focámos muito no Anubis, que entrou. Tiraram-nos o Dust2 que era um mapa forte nosso e então tínhamos que meter o Anubis forte. Conseguimos metê-lo num bom nível e agora estamos a focar em Overpass, Ancient e Inferno, que são os mapas que temos um pouco mais atrás. Com o tempo, acho que vamos conseguir metê-los no nível dos outros”.

Anubis e Nuke: um deles é o novo Dust2? 

“O Nuke sempre foi um mapa forte nosso. O Dust2 é engraçado porque nunca o treinamos muito, mas foi um mapa que encaixou na nossa equipa. Eu conseguia ter muita voz, ter muito impacto no T side. Temos um pouco mais de dificuldade quando são mapas em que é preciso ter mais personalidade individual, que é o caso do Overpass, do Ancient também. Tenho apelado e toda a gente tem feito o esforço para ganhar essa personalidade. Temos que aprender quando jogar e quando não jogar. Às vezes o pessoal está com receio, outras vezes está a fazer bem e está com medo. Isso é o que nos leva para trás em certas rondas. Mas sim, Nuke, Anubis e eu metia também o Vertigo nesse lote de mapas que eu acho que conseguimos jogar com qualquer equipa”.

stadodo: o novo IGL da FTW

És agora o novo IGL da equipa, como é que se deu esta transição?

“Eu gosto de dar calls. Anubis e Nuke são mapas que é bastante fácil dar calls, existe muita coisa da base e é mais fácil. Quando se torna uma coisa mais default, como Overpass ou Ancient, são mapas em que estou bastante longe das plays e não sei o que está a acontecer. É bastante mais difícil dar essas mid-game calls. Um problema da nossa equipa é a comunicação, as leituras e o pessoal conseguir dizer tudo aquilo que acha para depois sair uma resolução da ronda. Temos tido esse problema e temos batalhado, é uma das coisas que tenho batalhado com o DDias. Não o tirámos de IGL a 100%, porque há muita ronda que ele dá calls porque vê aberturas. Quando eu passei para IGL, nas primeiras duas semanas ele estava completamente calado e eu tive que ter uma conversa com ele e explicar-lhe que não o queria calado, só queria tirar-lhe pressão de certas rondas em que ele não tem de tomar essas decisões. O que eu acho numa equipa é que não sou só eu ou o DDias que temos de tomar as decisões. Quero que todos falem, que o NOPEEj seja mais uma voz, que é uma qualidade que ele tem , e trazer também o arrozdoce e o ag1L para falar. Durante o jogo há sempre um jogador que está mais em jogo. Hoje eu dei as calls todas em Nuke e resultaram todas, mas se não resultassem o arrozdoce tinha que ter uma call para dar. É um jogador que joga porta, é uma zona onde vê aberturas. Isto vem por todos, não é só o caller que tem de falar. Eu tenho assumido a 80%, mas eu quero um mix onde o pessoal também se sinta confortável a fazer as suas plays. Gosto que sejam livres, com responsabilidade e é isso que temos procurado. Às vezes erramos, bastante até. É importante quando acontece um erro o identificarmos e não voltarmos a cometer o mesmo. O que está a acontecer é que cometemos o mesmo erro três ou quatro vezes. No fundo temos que ser melhores, nós sabemos disso e toda a gente sabe disso”.

O DDias pode ser importante nas mid-game calls?

“Eu falei, por exemplo, em Overpass. Overpass é um mapa em que o NOPEEj, que é ponta do A, tem que falar muito. A informação vem toda ou quase toda dele e do arrozdoce, que são os pontas. Eu às vezes estou a dar suporte a um dos lados e é difícil ter essas leituras. Às vezes há uma abertura e o pessoal não vai porque o mapa é gigante. O que tem acontecido é que eu começo de um lado, mas o pessoal não está a ganhar o outro. Quando vamos ganhar é quando eu já lá estou e aí já é tarde, já vamos com dez segundos de atraso, o adversário já tem a informação toda e corre mal. É uma coisa que temos trabalhado, tanto em Overpass como Ancient. Tenho que meter Nuke à parte, porque é um mapa que se joga completamente da base. Nós temos um jogo default, mas está tudo tão falado que não preciso de dizer nada. Chego à base, digo que vamos fazer três coisas completamente diferentes e eles sabem tudo o que é para fazer. É um mapa que nos corre bem, mas temos que dar o salto para não ser um mapa onde só damos calls da base. Temos que trabalhar nisso e na comunicação. O pessoal deixa muitos gaps de comunicação e de entreajuda. Falta um pouco dessa sinergia e temos tentado trabalhar”.

Como é que olhas para o patamar atual da FTW?

“Em Portugal, queremos sempre ganhar, apesar de termos os SAW. Se formos falar em Iberia, temos os SAW e os Movistar que são sempre as duas equipas favoritas. Se conseguirmos evoluir até esses jogos, acho que conseguimos batalhar. Internacionalmente, acho que o que aconteceu com certos jogadores e com a nossa equipa foi um deslumbramento. O pessoal chegou à Pro League, houve um deslumbramento de achar que estávamos num nível que não estávamos. Aconteceu a gente perder e o pessoal ficar mesmo triste porque achava que estava num nível e afinal não estava. E não foi só os jogadores, todos de fora pensavam isso. Temos que meter todos os pés na terra e pensar que não estamos num nível muito alto, mas há qualidade. Sinto que existe qualidade para chegar a outros patamares. Temos que ser mais responsáveis em certas coisas como o trabalho coletivo, companheirismo, entreajuda dentro e fora do servidor. Acho que é isso que em certa parte nos falta. Internacionalmente temos tentado jogar muitos oficiais para tirar a pressão dos oficiais, mas também ir perdendo e perdendo não tira pressão nenhuma. Temos que ganhar alguns jogos para essa pressão sair. Hoje temos um jogo em que corre tudo bem e amanhã temos um em que corre tudo mal. Tivemos o qualificador para o fechado da BLAST e se o pessoal visse a atitude e a comunicação da equipa nesse qualificador e depois visse outro jogo dizia que eram duas equipas diferentes. O que aconteceu nesse qualificador e em alguns jogos foi o pessoal todo ativo em termos de coletivo, com entreajuda e sem medo de jogar. Mas eu diria que em 70% dos nossos jogos há sempre alguém mais em baixo ou estamos com medo. Isto é um jogo onde precisamos de toda a gente. Basta um estar em baixo e não funciona”.

A estreia da FTW na 11ª temporada da Master League Portugal acontece já na próxima segunda-feira, dia 20 de março, frente a Agency Clan. O jogo está marcado para as 19h da tarde.