Era eu um miúdo de 15 anos quando vi o nome de Gabriel “FalleN” Toledo pela primeira vez, estava ele a assinar pela FireGamers. É verdade que já tinha passado a vista por outras lendas brasileiras, como o incontornável Lincoln “fnx” Lau, a quem FalleN se juntaria nessa equipa, mas lembro-me com toda a clareza de ver este AWPer a ingressar num elenco que contava já com Bruno “bit” Lima, Bruno “bruno” Ono e Renato “nak” Nakano. Mal eu sabia que continuaria a vê-los por muitos mais anos.
Falo de FalleN porque, por um qualquer motivo quase-espiritual, foi alguém que chamou a especial atenção (minha e de muitos outros) por ser um jovem AWPer que estava a ter ali, na FireGamers, uma oportunidade para se mostrar ao Brasil, sim, mas também ao mundo – e todos sabemos o quão bem ele conseguiu cumprir esse propósito. A questão é que, enquanto FalleN foi uma referência para mim, muitos outros viram o mesmo em fnx, Fernando “fer” Alvarenga ou noutros membros da atual iteração da Imperial. Uma espécie de porto-de-abrigo, diria até, uma voz que dizia: “é possível”.
Talvez por falarem a mesma língua do que eu, sempre olhei para o CS brasileiro e para as suas personalidades com especial carinho. FireGamers, MIBR, compLexity ou até, no CS:GO, KaBuM!, SK, Luminosity e Immortals foram algumas das equipas que dificilmente não deixei de apoiar em qualquer momento. Mas admito: até chegarmos à época de RMRs e Antuérpia, nunca acreditei que a “Last Dance”, aliás Imperial, fosse capaz de ser tão forte quanto foi nesta campanha de Major.
Tenho sido forte crítico de equipas com médias de idade altas, como é caso da portuguesa SAW. O meu argumento sempre foi o de que basta olhar para o top 10 mundial para perceber que as melhores equipas são as mais jovens – ou, pelo menos, aquelas que têm jovens nos seus alinhamentos. Mas este foi precisamente um dos momentos em que percebi que a Imperial simboliza muito mais do que uma última dança: a idade não foi travão para bater a Cloud9, por exemplo, uma equipa jovem e à data a quarta melhor do mundo.
A Imperial simboliza que a idade é mais do que um posto. Simboliza que a experiência continua a ser valiosa num jogo com crescimento tão rápido quanto CS:GO. Simboliza que, com trabalho e dedicação, tudo é possível. Simboliza a força da comunidade brasileira – basta olhar para os números que a aventura em Antuérpia gerou. Simboliza a importância de FalleN, fnx e dos outros nomes. Simboliza o amor que estes atletas – e todos nós, fãs – sentem pelo jogo.
Depois de Antuérpia, ninguém terá autoridade para deitar abaixo esta Imperial, assim como nenhuma pessoa terá autoridade para chamar um nome como FalleN de overrated. Toda a vida estes nomes nos fizeram sonhar e parece que continuaremos a sonhar com eles para sempre.