Esta segunda-feira (30), a blix.gg divulgou uma entrevista feita aos treinadores portugueses que desempenham funções no cenário brasileiro. Entre várias questões, Ricardo “JTR” Júnior, Cristiano “D10S” Carvalho, Miguel “ner0” Videira, Lucas “zander” Carvalho e Duarte “Deco” Carvalho, abordaram as dificuldades de ser profissional em Portugal.

Condições profissionais

Para os técnicos nacionais, o cenário português encontra-se estagnado. O baixo número de organizações potencializa a mudança de cenário à procura do sonho profissional: “Atualmente, em Portugal, é muito difícil ser profissional devido ao baixo número de organizações que oferecem condições realmente boas. Em suma, no cenário brasileiro, há muito mais oportunidades de ser profissional nesta área“, começou por dizer ner0, que deixou o cenário para representar a Meta Gaming. Antes da transição para o outro lado do atlântico, ner0 desempenhou funções na Fourteen, organização que, entretanto, abriu falência.

JTR, atual treinador da ODDIK, salientou o mesmo problema, referindo que os salários apresentados ficam aquém do esperado para viver do jogo: “No panorama português, são muito poucas as equipas que conseguem oferecer um salário que faça sentido focar-se na CS como profissão“. Já zander e D10S colocaram-se na mesma linha de pensamento. Os atuais treinadores de AJF e Filhos de D10S, respetivamente, apontaram a falta de projetos “atrativos”.

A diferença de mentalidades

A cultura de esports no Brasil está uns passos à frente do paradigma português. Os técnicos valorizam esta nuance e abordaram algumas das diferenças evidentes: “Portugal, infelizmente, não tem tanto apoio como cá. Ao nível de apoio, a mentalidade também não é igual. Estou a falar de organizações que possam apoiar os jogadores, e em termos de mentalidade, estou a dizer que para se ser bom é preciso trabalhar muito, e muitos dos jogadores acabam por não o fazer“, rematou o atual treinador da OVERFRAG, Deco, que num passado recente representou a formação feminina da B4 Esports.

D10s explicou que o panorama português não é atrativo. A mentalidade inerente no cenário brasileiro, valoriza o treinador europeu: “Para mim, um treinador português, neste momento, praticamente só pode ter sucesso no mercado internacional. O Brasil é muito atrativo por causa da língua, mas sobretudo por causa do valor dado a um treinador europeu. O panorama português, neste momento, é pouco atrativo“.

 

Entre os técnicos abordados, a blix.gg não recorreu a Hélder “coachi” Sancho. O ex-K1CK é o que desempenha funções há mais tempo no cenário canarinho, sendo que está à frente do projeto da Sharks desde 2017. Ainda assim, recorde-se que a organização portuguesa é representada por um conjunto brasileiro.